Ganhei meu tão esperado celular e fui logo divulgando-o para galera, via email e etc. Cerca de quinze minutos depois recebo uma mensagem, de um numero até então desconhecido, dizendo "Tá fazendo o que? Me encontra no Mueller daqui uma hora. Te espero lá. Beijos. Heloísa".
Finalmente, com a ajuda do telefone, poderia estar disponível para todos meus amigos, mas não esperava que "ela" quisesse me ver tão cedo. Pois havíamos nos conhecidos dois dias antes, no restaurante de seu pai, que foi meu professor de matemática por sete meses na oitava série, um dos melhores.
Enfim, louco para revê-la, fui logo me arrumando. Mas que roupa vestir eu não sabia, ela não disse nada sobre isso, e pelo tom da mensagem ela queria algo imediato. Fiquei no meio termo, não tão sujo mas nem tão limpo. Vesti meu jeans de duzentos reais, minha camiseta velha do Kings of Leon, exagerei no perfume, baguncei o cabelo, roubei uns chicletes de minha irmã, pedi dinheiro para minha mãe, abracei todas e parti rumo ao shopping.
Como eu saí as pressas, não vi que horas eram e nem quantas faltavam para a hora marcada. Resultado, cheguei lá vinte e cinco minutos antes do combinado.
Encostei-me na parede próximo à porta do Mueller e fiquei vendo as pessoas. Aquele era um lugar em que podia se ver de tudo e todos, (estilos, cores, bandas, penteados tatuagens,...). Mas, naquele momento, nada mais me atraía do que a dona daquele belo par de olhos verdes, que aliás, estava demorando para chegar.
Depois de ser praticamente abusado por duas garotas estranhas que não paravam de me olhar, avistei na longínqua esquina um vestido verde e um sapato vermelho. Fui andando naquela direção, meio em dúvida, mas deduzi que fosse ela. E era, quando me viu acenou e eu acelerei meus passos, sorri e, ainda de longe, fui retribuído com um largo sorriso.
Fomos nos aproximando, e quando ficamos frente a frente, só pensei em uma coisa:
- Nossa, como você está linda!
- Adoro Kings of Leon! - foi essa sua resposta, seguida de um abraço, íntimo demais para pessoas tão pouco íntimas.
Fomos indo em direção ao shopping, pouco me importava. Não olhava para a frente, trombava com quem vinha contra mim, só não conseguia parar de olhar para ela. Meu coração parecia uma dinamite prestes a explodir. Decidi perguntar:
- E então, o que você queria?
Respondeu:
- Te ver.
-Só isso?
-Não, lógico que não.
- Então o que mais?
-Sabe se tem algum filme decente em cartaz?
-Bom... tem alguns, de diferentes estilos. Ação, animação, romance...
Chegamos próximos à entrada do Mueller e, novamente, me encostei na parede. Fiquei observando Heloísa até que ela dissesse algo. Mas eu sabia muito bem o que eu queria. Ela era ideal para mim. Mas tudo o que é ideal, precisa ser transformado em real. Conhecia o suficiente para julgar que ela era tudo o que eu mais queria. Porem, não sabia se ela era comprometida ou coisa parecida. Então, impulsivamente perguntei:
- Escuta, você tá namorando?
-Ah... não. Aliás, nunca namorei.
- Que coincidência.
- Por que nunca namorou?
- Não encontrei a garota certa, ainda. Ou acho que encontrei.
- Hum... Quem?
Ao perguntar, ela se posicionou frente a mim, como se estivesse me interrogando.
- Uma tal aí que conheci recentemente, mas não estou certo de que ela veja algo em mim.
- E o que ela precisa fazer? - Perguntou-me como se fosse uma psicóloga ou conselheira amorosa.
- Me conhecer melhor.
-Ah é? E por que você acha que eu te chamei aqui? - disse, num tão bastante irônico. Confuso, respondi:
- É... o que?
Sou um burro.
- Oh, burrinho... Quando te vi no restaurante, logo percebi que você era um bom garoto. Fiquei curiosa para saber quem você era.
- Sério? Desde segunda-feira, eu só penso nesse par de olhos verdes hipnotizantes. Mas...
- Mas o que?
- Mas você... você - gaguejei- digo, eu... eu...- mais uma vez, gaguinho- ... creio que exista um processo a ser realizado. Tipo, mesmo tendo certeza que te quero, preciso te conhecer para passar ao próximo nível de um relacionamento. Mas sem nos tornarmos amigos, entende?
-Sim, e é isso o que eu quero! - E foi se aproximando - O que você quer?
- Você.
2010/01/29
2010/01/28
Sabor, dedução, improviso e falta de informação
Desci do ônibus e fui diretamente ao seu encontro e, como de costume, nos beijamos intensamente. Depois de dois dias sem encontro algum, o mínimo que puderia fazer era dar o meu melhor, provar que estava com saudades.
-Poxa, Leo, da próxima vez eu vou contigo! - disse me abraçando fortemente.
-Seria ótimo, mas espero não perder mais um parente distante e ter que viajar às pressas.
-É, mas vamos sair daqui. Nunca gostei de rodoviárias.
Fomos caminhando, quando um cara estranho gritou, "O tetéia, volta pra minha casa!", e eu, como sempre fui calmo, não dei bola, seguimos em frente mas percebi uma certa angústia nos olhos de Michelle, então perguntei:
-Conhece esse maluco?
-... É... Não, lógico que não.
O homem não era velho, aparentava ter a nossa idade, mas não parecia ter sanidade mental. Mas, do nada, uma dúvida surgiu, na verdade, um desentendimento dentro de mim.
Quando beijei Michelle, não senti o mesmo gosto de sempre. O sabor do batom que ela sempre usava junto ao do chiclete que ela sempre mascava, adoro aquela mistura, mas naquele beijo, não senti nada parecido. Era semelhante ao cigarro que eu fumava, mas ela nunca teve vontade de fumar, e nem podia, por problemas de saúde.
Várias teorias iniciaram-se em minha mente... Teria ela me traído, enquanto eu estava chorando pela perda de um tio?... Teria ela começado a fumar?... Teria ela beijado outro garoto, ou garota?...
Sinceridade era o que eu mais prezava em um relacionamento, então decidi interrogá-la, mas antes, optei por beijá-la mais uma vez.
Atravessávamos a rua, quando retornei de meus pensamentos e instantaneamente disse para ela me beijar, ela perguntou "Aqui?", respondi "Agora!". E eu ainda não havia percebido que estávamos no meio da rua. Ela me olhando com um ar luxurioso, me puxou e beijou.
Analisei toda sua boca e seus sabores enquanto nos beijávamos. Não estava enganado, o gosto havia mudado, e analisando mais ainda, ela se comportava de um modo diferente desde a rodoviária.
Percebi que alguns carros buzinavam e empurrei Michelle, enquanto beijava, para a calçada. Quando uma certa fúria me possuiu, joguei a garota no muro, e comecei a interrogá-la:
-Confessa que você beijou outro cara! Confessa que aquele cara estranho não era desconhecido! Confessa que esse gosto da tua boca é de outro vagabundo! Confessa! Confessa que vocês se beijaram! Confessa, quenga!
Cheio de razão, pressionei aquele pequeno corpo contra a parede e lancei olhares fulminantes, esperando que ela confessasse tudo.
Silêncio... Sua expressão demonstrava que ela começaria a chorar, então eu disse:
-Ah, santinha, se arrependeu, é? Confessa!
- Você não sabe de nada!
Conseguiu se soltar dos meus braços, me encarou triste e irada ao mesmo tempo, então, com toda sua força, me deu um tapa na cara e saiu correndo rumo ao ponto de táxi mais próximo.
Poderia ter corrido atrás dela imediatamente, mas a dor era grande, fiquei desnorteado, como quando nos conhecemos. Voltei à Terra e corri, mas era tarde, ela já havia entrado em um carro e partido.
Não sabendo o que fazer, segui caminhando, encontrei um bar e decidi entrar para pensar no que tinha feito.
Duas horas depois, já familiarizado com os outros três clientes do bar, todos nós bêbados, me assustei quando meu celular vibrou. Os amigos riram do susto, e perguntaram o que aconteceu. Li a mensagem:
"Querido Idiota, se você estivesse a par das notícias, não teria apanhado e eu não teria fugido. Saiba que hoje é o dia do mês em que vou ao hospital, doar sangue. E por acaso,fui ao dentista depois. O doutor examinou minha boca e recomendou que eu parasse com os doces, pois estava ferrando com meus dentes. Depois disso, quando estava no elevador, indo embora, aquele "cara estranho" entrou e acendeu um cigarro (só não é mais louco que você) e coincidentemente, o elevador travou. Como eu estava frágil demais devido à doação, o cheiro de fumaça me fez muito mal, fiquei zonza e desmaiei. Me socorreram, e quando acordei tomei alguns remédios no mesmo hospital. Se você, ao invés de ficar lamentando uma morte desde quando desceu do ônibus, decidisse perguntar-me como estava, se aconteceu algo, perguntado sobre novidades, talvez eu não teria corrido de você e sua neurose por cheiros e sabores. E, não, eu não beijei ninguém além de você. Mas tenho uma notícia quente, a partir de agora, anuncio o fim do nosso namoro. Não me ligue, suma!
Como todo o ódio do meu coração, um beijo. Michelle."
Constrangido, fiquei sem palavras. Só ouvia os risos dos bebuns que estavam ao meu lado. Quando um deles disse:
-É, amigo! Haha! Se ferrou!
-Poxa, Leo, da próxima vez eu vou contigo! - disse me abraçando fortemente.
-Seria ótimo, mas espero não perder mais um parente distante e ter que viajar às pressas.
-É, mas vamos sair daqui. Nunca gostei de rodoviárias.
Fomos caminhando, quando um cara estranho gritou, "O tetéia, volta pra minha casa!", e eu, como sempre fui calmo, não dei bola, seguimos em frente mas percebi uma certa angústia nos olhos de Michelle, então perguntei:
-Conhece esse maluco?
-... É... Não, lógico que não.
O homem não era velho, aparentava ter a nossa idade, mas não parecia ter sanidade mental. Mas, do nada, uma dúvida surgiu, na verdade, um desentendimento dentro de mim.
Quando beijei Michelle, não senti o mesmo gosto de sempre. O sabor do batom que ela sempre usava junto ao do chiclete que ela sempre mascava, adoro aquela mistura, mas naquele beijo, não senti nada parecido. Era semelhante ao cigarro que eu fumava, mas ela nunca teve vontade de fumar, e nem podia, por problemas de saúde.
Várias teorias iniciaram-se em minha mente... Teria ela me traído, enquanto eu estava chorando pela perda de um tio?... Teria ela começado a fumar?... Teria ela beijado outro garoto, ou garota?...
Sinceridade era o que eu mais prezava em um relacionamento, então decidi interrogá-la, mas antes, optei por beijá-la mais uma vez.
Atravessávamos a rua, quando retornei de meus pensamentos e instantaneamente disse para ela me beijar, ela perguntou "Aqui?", respondi "Agora!". E eu ainda não havia percebido que estávamos no meio da rua. Ela me olhando com um ar luxurioso, me puxou e beijou.
Analisei toda sua boca e seus sabores enquanto nos beijávamos. Não estava enganado, o gosto havia mudado, e analisando mais ainda, ela se comportava de um modo diferente desde a rodoviária.
Percebi que alguns carros buzinavam e empurrei Michelle, enquanto beijava, para a calçada. Quando uma certa fúria me possuiu, joguei a garota no muro, e comecei a interrogá-la:
-Confessa que você beijou outro cara! Confessa que aquele cara estranho não era desconhecido! Confessa que esse gosto da tua boca é de outro vagabundo! Confessa! Confessa que vocês se beijaram! Confessa, quenga!
Cheio de razão, pressionei aquele pequeno corpo contra a parede e lancei olhares fulminantes, esperando que ela confessasse tudo.
Silêncio... Sua expressão demonstrava que ela começaria a chorar, então eu disse:
-Ah, santinha, se arrependeu, é? Confessa!
- Você não sabe de nada!
Conseguiu se soltar dos meus braços, me encarou triste e irada ao mesmo tempo, então, com toda sua força, me deu um tapa na cara e saiu correndo rumo ao ponto de táxi mais próximo.
Poderia ter corrido atrás dela imediatamente, mas a dor era grande, fiquei desnorteado, como quando nos conhecemos. Voltei à Terra e corri, mas era tarde, ela já havia entrado em um carro e partido.
Não sabendo o que fazer, segui caminhando, encontrei um bar e decidi entrar para pensar no que tinha feito.
Duas horas depois, já familiarizado com os outros três clientes do bar, todos nós bêbados, me assustei quando meu celular vibrou. Os amigos riram do susto, e perguntaram o que aconteceu. Li a mensagem:
"Querido Idiota, se você estivesse a par das notícias, não teria apanhado e eu não teria fugido. Saiba que hoje é o dia do mês em que vou ao hospital, doar sangue. E por acaso,fui ao dentista depois. O doutor examinou minha boca e recomendou que eu parasse com os doces, pois estava ferrando com meus dentes. Depois disso, quando estava no elevador, indo embora, aquele "cara estranho" entrou e acendeu um cigarro (só não é mais louco que você) e coincidentemente, o elevador travou. Como eu estava frágil demais devido à doação, o cheiro de fumaça me fez muito mal, fiquei zonza e desmaiei. Me socorreram, e quando acordei tomei alguns remédios no mesmo hospital. Se você, ao invés de ficar lamentando uma morte desde quando desceu do ônibus, decidisse perguntar-me como estava, se aconteceu algo, perguntado sobre novidades, talvez eu não teria corrido de você e sua neurose por cheiros e sabores. E, não, eu não beijei ninguém além de você. Mas tenho uma notícia quente, a partir de agora, anuncio o fim do nosso namoro. Não me ligue, suma!
Como todo o ódio do meu coração, um beijo. Michelle."
Constrangido, fiquei sem palavras. Só ouvia os risos dos bebuns que estavam ao meu lado. Quando um deles disse:
-É, amigo! Haha! Se ferrou!
Assinar:
Postagens (Atom)