Era um feriado no meio da semana, e Alberto aproveitou para assistir o show de um artista de que há muito tempo não assistia.
Antes do espetáculo, ele estava sozinho, quando encontrou ao acaso um grupo de antigos amigos. Decidiu ficar com eles, para fugir da solidão e das tentações.
Toda a poesia cantada pelo artista, um de seus favoritos, o fazia viajar mentalmente, mesmo estando em um lugar onde refletir era difícil; pelo simples fato de estar lotado de pessoas, suor e luzes.
Apesar de um grande pesar, Alberto aproveitava o show. Cantava as musicas que possuíam algum significado para ele, observava atentamente todo o talento dos musicistas, se encantava com o talento poético do cantor...
Mas nos intervalos entre as músicas, ele olhava para seu peito, pegava seu cordão, lembrava de quem o havia dado, e entristecia.
Aquele cordão, Alberto ganhara de sua namorada, Alice, e significava muito para ele.
Ela, não pode ir àquele show, pois precisou viajar de imediato para o interior catarinense visitar um parente adoentado. Deixando Alberto sozinho e desmotivado.
O relacionamento dos dois começou depois de um show, onde Aberto vendeu o ingresso de um amigo, que não pode ir, a Alice. Na mesma noite começaram a conversar e perceberam grandes interesses e ideias em comum. Nos dias seguintes, encontraram-se para conversar mais e mais. Quando perceberam, já eram dependentes químicos um do outro. Fazendo assim que nascesse um grande romance. Onde não havia apenas amor, mas também, respeito, confiança, liberdade...
Alice salvou a vida de Alberto que, antes de conhecê-la, era um garoto perdido e atormentado pela luxúria.
Ele era tão viciado nela que nenhuma garota roubava sua atenção. Nenhuma. Pode ser clichê, mas: ele só tinha olhos para Alice.
Alberto não era bonito, mas possuía boas roupas e ideias claras, que tornavam sua feiúra invisível.
Alice era linda, mas não era só isso que fazia Alberto amá-la.
Aquele show estava super-lotado, mas Alberto só se importava em ouvir as versões ao vivo de músicas que o agradavam em qualquer momento, de paz ou tristeza.
Quando foi anunciado que o show chegava à suas últimas músicas, o local começou a esvaziar, possibilitando que Alberto pudesse ver pessoas que antes não podia ver. Foi numa dessas, que ele viu algém que o fez voltar no tempo. Nos tempos em que Alice era desconhecida, e qualquer garota o atraía.
Heloísa, estava lá. Heloísa, a grande paixão carnal de Alberto da vida pré-Alice.
Os dois tiveram um caso movido apenas por atração física.
Não havia qualquer conversa ideológica entre os dois. Apenas um desejo carnal nunca satisfeito. Eles tinham a necessidade de se tocaram, mas só isso. Conheciam-se pouco, ideologicamente. Mas conheciam muito bem o corpo um do outro.
Quando separados, sentiam a necessidade extrema de sentirem a pele do outro. Quando juntos, nunca estavam satifeitos.
Eles não assumiram um namoro. Até mesmo porque é impossível existir romance movido apenas pelo desejo carnal. Mas eles não ficavam com outras pessoas. Os dois se desejavam, mas não se entendiam.
Se encontrvam sempre, shopping nos dias de semana, qualquer show aos sábados e domingos.
Até que, um dia Heloísa viajou à França para fazer um intercambio. Albertou soube disso através de amigos. E decepcionou-se por não saber pela boca de Heloísa, que sumiu sem avisar.
Meses depois, Alberto, já não lembrava de Helóisa, e conheceu Alice, que transformou sua vida, de indecente para real. Ele sentia-se vivo pela primeira vez na vida.
Sentia dores quando longe de Alice. Tinha batimento cardíaco acelerado quando encontrva Alice. Sentia.
Já nem sabia mais quem era Heloísa, nem lembrava de toda aquela paixão ardente que viveu com ela.
Heloísa estava ali, a cerca de cinco metros dele.
Tocava uma música que o fez lembrar de muitos momentos vividos ao lado de Heloísa.
Com seus olhos fixados naquela, que havia mudado, Alberto já ignorava qualquer coisa que o rodeava, até mesmo a Música. Ele não parava de olhar para ela. Era como se a visse pela primeira vez. Era como se ela fosse desconhecida. Era como se fosse paixão a primeira vista. Era como se Alice não existisse.
Até que Heloísa encontra os olhos de Alberto a mirando intensamente, e logo disfarça. Olhando para o palco, não deixa de soltar um olhar apreensivo e surpreso. Cutuca uma amiga, e comenta qualquer coisa no ouvido da amiga. A amiga olha para Alberto e se assusta. A amiga puxa Heloísa, como se quisesse fugir. Mas Heloísa não quer. Olha mais uma vez para Alberto, solta um sorriso tímido, e logo disfarça, olhando para o palco.
Heloísa mudara muito desde o último encontro com Alberto, mais de dois anos antes daquele reencontro. Alberto estava encantado com aquele novo estilo de Heloísa. Um tanto quanto Francesa. Mas fisicamente, ela mudara pouco. Ela tinha o mesmo olhar, inocente, que fizera Alberto se encantar, e querer a todo instante aquela moça.
Sua vontade naquele momento, era ir ao encontro de Heloísa e dizer tudo o que sentisse vontade.
Todo aquele fervor que sentia, voltara. Queria agarrar, beijar, tocar, sentir o suor daquela moça. Mas algo o impedia.
Ele pouco se importava com os sentimento de Heloísa. Ele queria, ele desejava, ele necessitava, tocar aquela moça. Tocar seus lábios nos lábios daquela moça. Mas algo o impedia.
Aquele encantador olhar não havia mudado. A fome de Alberto aumentava a cada instante; ele precisava ter em seus braços aquela moça. Mas algo o impedia.
Ele percebia que ela também necessitava tê-lo entorno de seus pequenos braços.
Aquela baixa estatura não mudara. Aumentando vontade de carregar aquela moça aonde o vento levasse. Mas algo o impedia.
Ele estava disposto a ir até a moça e dominá-la como nos tempos antigos. Mas, por impulso do subconsciente, ele agarrou seu cordão. E, qualquer toque ao cordão, fazia que a imagem de Alice aparecesse à sua mente.
Imediatamente arrependido, Alberto parou de observar Heloísa, e focou-se nas luzes do palco, que o cegavam, como penitência. Alberto lembrou de quem não deveria ter esquecido. Alberto não parava de tentar lembrar dos sorrisos de Alice. Alberto precisava de um abraço, que só Alice sabia dar. Alberto necessitava da presença de Alice.
O show acabou. Alberto despediu-se dos amigos e partiu. Foi para sua própria casa, que ficava à poucas quadras de onde o show ocorrera. Alberto foi correndo, como se fosse ao encontro de Alice. Alberto correu, desejando esquecer aquela moça do show. Esqueceu, quando quase foi atropelado por um táxi. Esqueceu, quando chegou em casa. Esqueceu, quando ligou seu rádio e dormiu ao som da música que amava ouvir ao lado de Alice. Dormiu, como se esivesse com Alice.
Acordou, com o barulho de seu celular. Era Alice ligando. Atendeu, e lembrou que aquela voz no outro lado da linha, era o que o motivava a viver. Ela estava chegando na cidade.
Sem preocupações ou lembranças ruins. Alberto correu ao encontro de Alice
2010/04/22
2010/04/18
Deitar e amar... (Parte DOIS)
Estávamos lá, deitados. E quietos. Estávamos lá, felizes por estarmos juntos, de verdade, dispostos a recuperar o tempo perdido, e o amor que não conhecíamos há um bom tempo.
Estávamos lá, quietos. Eu estava feliz só por saber que ela queria recuperar nosso amor. A felicidade era tanta, que minha boca não tinha o que dizer.
Até que ela disse:
-No que você está pensando?
Respondi com toda minha sinceridade:
-Ah, meu estômago está doendo. Penso em chegar em casa e fazer uma macarronada, só para mim.
-Então vá! Eu fico aqui, tentando paquerar um qualquer que passar por aqui.
Sempre precisava de um tempinho para responder toda aquela sua agressividade irônica:
-Quando eu digo: "para mim". Quero dizer para nós! Porque você já faz parte de mim. Sabe, você é um orgão meu. Sem você, anemia, falta de ar e cegueira, me atingem facilmente. Sabe, dependo de você para viver...
Enquanto dizia tudo aquilo. Deitado, olhava para o céu, e gesticulava intensamente com as mãos. Até que percebi um suspiro, indecifrável. Olhei para aquela garota que estava ao meu lado, e me emocionei com a emoção que seus olhos que me olhavam.
Tenho dificuldade para chorar. Mas naquele momento, minha única vontade era imitar o gesto daquela garota que me deixava encantado a qualquer momento, tanto no felizes quanto nos tristes.
Em qualquer momento, eu sentia necessidade de estar ao lado de Melina. Mas ela andava um tanto quanto distante. O que era ruim para nós dois. Eu precisava de seu sorriso, precisava de suas palavras. Mas ela andava quieta, como se não existisse um cara que dependesse totalmente dela para viver.
Nos encarávamos, intensamente. Depois daquele meu "sermão", e a reação de Melina, não tinha forças para continuar a falar. Depois de algumas lágrima soltas, alguém precisava limpar seu rosto. E essa função era minha, sempre foi.
Com a manga de minha camiseta, sequei as lágrimas. E ela, com um sorriso simples, o mesmo que me conquistou há cinco anos, agarrou minha mão, e disse:
-E o que eu respondo depois disso?
Confortado com toda aquela mágica, respondi:
-Nada!
Apertei mais ainda a sua mão. E envolvi aquele pequenho e magro corpe entre meus braços. Para que ela tivesse certeza de que eu estava ali, com ela. E ficamos lá, deitados e abraçados, em silêncio.
Meu coração batia rapidamente, impossibilitando que palavras se formassem em minha boca. Mesmo com riscos de ter uma parada respiratória, ou cardíaca, não me importava. Pois não existe modo melhor de morrer do que estar ao lado de quem se ama.
Sentindo sua respiração e seu corpo, começei a viajar entre as nuvens. Não conseguia refletir sobre coisa alguma, só me concentrava em contar as batidas daquele coração, que estava próximo ao meu.
Silêncio, entre nós. As crainças gritavam atrás de bolas e cachorros latindo. Os passáros migravam pelo parque. Rodas de skates e bicicletas arranhavam a ciclovia. Mas tudo isso, não me importava.
Sentia a cabeça de Melina, subir e descer, com os movimentos da minha respiração. Pensei em para de respirar, só para meu peito não a encomodasse tanto. Mas morto, talvez eu não poderia ficar com ela, cuidando dela.
Fechei meus olhos, me concentrava na respiração de Melina, e toda aquela calma que sua presença me causava. O branco das nuvens aparecia, mesmo eu estando com os olhos fechados. Fiquei assim: nuvens, Melina, nuvens, Melina...
A anestesia era tanta que o tempo parecia não passar, mas toda aquela agitação do parque foi sumindo. Mas não me importava. Até que senti uma pequena pancada na costela.
Abri meus olhos, assustado. Com medo de que houvesse algo de errado com Melina.
O que vi foi um Guarda Municipal, nos encarando. Com autoridade, ele perguntou:
-O que estão fazendo aqui? O parquejá está vazio.
Enquanto ele perguntava, olhei para meu outro lado, me certificando de que Melina estava bem. Estava bem, coçando os olhos, depois de dormir, por não sei quanto tempo. Esqueci da pergunta do Guarda, só queria ficar aquele rosto sonolento acordar. Lembrei da pergunta, e respondi:
-Nossa, nós deitamos aqui e dormimos, perdemos a hora!
Melina, olhou para o Guarda e disse:
-Ei, Guarda Belo, nós podemos dormir por aqui?
Melina adorava arranjar apelido para conhecidos recentes. Com medo de que o Guarda
surtasse, me levantei, puxei Melina, e falei:
-Desculpa, seu Guarda, nós já estamos indo, só precisamos...
Precisaríamos de nossas bicicletas para voltar para casa. Mas as mesmas, não se encontravam no local. Surtei:
- CARAMBA! Onde estão as bicicletas!!?
O Guarda, com toda a calma do mundo, anunciou:
-Calma, garoto. Eu as recolhi, e guardei na central de informações.
Confuso, perguntei, como autoridade:
-Por que?
- Você prefiria que alguem marginal as roubasse? Melhor que elas ficassem guardadas, em segurança. Venham comigo, entrego as bicicletas, e vocês podem ir embora.
Fomos, pegamos nossas bikes, agradeçemos ao Guarda. E partimos.
Andando, fomos indo, com nossas bicicletas ao lado.
Já escurecia. E sim, nós dormimos o dia todo no Parque. Foma era uma coisa que me dominava.
Mesmo que não tenhamos conversado sobre nosso relacionamento, e a terrível fase que havíamos passado. Aquele dia no parque foi incrível, calmo e simples. Bem a cara de Melina.
Estávamos lá, quietos. Eu estava feliz só por saber que ela queria recuperar nosso amor. A felicidade era tanta, que minha boca não tinha o que dizer.
Até que ela disse:
-No que você está pensando?
Respondi com toda minha sinceridade:
-Ah, meu estômago está doendo. Penso em chegar em casa e fazer uma macarronada, só para mim.
-Então vá! Eu fico aqui, tentando paquerar um qualquer que passar por aqui.
Sempre precisava de um tempinho para responder toda aquela sua agressividade irônica:
-Quando eu digo: "para mim". Quero dizer para nós! Porque você já faz parte de mim. Sabe, você é um orgão meu. Sem você, anemia, falta de ar e cegueira, me atingem facilmente. Sabe, dependo de você para viver...
Enquanto dizia tudo aquilo. Deitado, olhava para o céu, e gesticulava intensamente com as mãos. Até que percebi um suspiro, indecifrável. Olhei para aquela garota que estava ao meu lado, e me emocionei com a emoção que seus olhos que me olhavam.
Tenho dificuldade para chorar. Mas naquele momento, minha única vontade era imitar o gesto daquela garota que me deixava encantado a qualquer momento, tanto no felizes quanto nos tristes.
Em qualquer momento, eu sentia necessidade de estar ao lado de Melina. Mas ela andava um tanto quanto distante. O que era ruim para nós dois. Eu precisava de seu sorriso, precisava de suas palavras. Mas ela andava quieta, como se não existisse um cara que dependesse totalmente dela para viver.
Nos encarávamos, intensamente. Depois daquele meu "sermão", e a reação de Melina, não tinha forças para continuar a falar. Depois de algumas lágrima soltas, alguém precisava limpar seu rosto. E essa função era minha, sempre foi.
Com a manga de minha camiseta, sequei as lágrimas. E ela, com um sorriso simples, o mesmo que me conquistou há cinco anos, agarrou minha mão, e disse:
-E o que eu respondo depois disso?
Confortado com toda aquela mágica, respondi:
-Nada!
Apertei mais ainda a sua mão. E envolvi aquele pequenho e magro corpe entre meus braços. Para que ela tivesse certeza de que eu estava ali, com ela. E ficamos lá, deitados e abraçados, em silêncio.
Meu coração batia rapidamente, impossibilitando que palavras se formassem em minha boca. Mesmo com riscos de ter uma parada respiratória, ou cardíaca, não me importava. Pois não existe modo melhor de morrer do que estar ao lado de quem se ama.
Sentindo sua respiração e seu corpo, começei a viajar entre as nuvens. Não conseguia refletir sobre coisa alguma, só me concentrava em contar as batidas daquele coração, que estava próximo ao meu.
Silêncio, entre nós. As crainças gritavam atrás de bolas e cachorros latindo. Os passáros migravam pelo parque. Rodas de skates e bicicletas arranhavam a ciclovia. Mas tudo isso, não me importava.
Sentia a cabeça de Melina, subir e descer, com os movimentos da minha respiração. Pensei em para de respirar, só para meu peito não a encomodasse tanto. Mas morto, talvez eu não poderia ficar com ela, cuidando dela.
Fechei meus olhos, me concentrava na respiração de Melina, e toda aquela calma que sua presença me causava. O branco das nuvens aparecia, mesmo eu estando com os olhos fechados. Fiquei assim: nuvens, Melina, nuvens, Melina...
A anestesia era tanta que o tempo parecia não passar, mas toda aquela agitação do parque foi sumindo. Mas não me importava. Até que senti uma pequena pancada na costela.
Abri meus olhos, assustado. Com medo de que houvesse algo de errado com Melina.
O que vi foi um Guarda Municipal, nos encarando. Com autoridade, ele perguntou:
-O que estão fazendo aqui? O parquejá está vazio.
Enquanto ele perguntava, olhei para meu outro lado, me certificando de que Melina estava bem. Estava bem, coçando os olhos, depois de dormir, por não sei quanto tempo. Esqueci da pergunta do Guarda, só queria ficar aquele rosto sonolento acordar. Lembrei da pergunta, e respondi:
-Nossa, nós deitamos aqui e dormimos, perdemos a hora!
Melina, olhou para o Guarda e disse:
-Ei, Guarda Belo, nós podemos dormir por aqui?
Melina adorava arranjar apelido para conhecidos recentes. Com medo de que o Guarda
surtasse, me levantei, puxei Melina, e falei:
-Desculpa, seu Guarda, nós já estamos indo, só precisamos...
Precisaríamos de nossas bicicletas para voltar para casa. Mas as mesmas, não se encontravam no local. Surtei:
- CARAMBA! Onde estão as bicicletas!!?
O Guarda, com toda a calma do mundo, anunciou:
-Calma, garoto. Eu as recolhi, e guardei na central de informações.
Confuso, perguntei, como autoridade:
-Por que?
- Você prefiria que alguem marginal as roubasse? Melhor que elas ficassem guardadas, em segurança. Venham comigo, entrego as bicicletas, e vocês podem ir embora.
Fomos, pegamos nossas bikes, agradeçemos ao Guarda. E partimos.
Andando, fomos indo, com nossas bicicletas ao lado.
Já escurecia. E sim, nós dormimos o dia todo no Parque. Foma era uma coisa que me dominava.
Mesmo que não tenhamos conversado sobre nosso relacionamento, e a terrível fase que havíamos passado. Aquele dia no parque foi incrível, calmo e simples. Bem a cara de Melina.
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