Baseado em uma novela mexicana alheia.
Minha viagem finalmente se encerrou e enfim voltei à minha cidade. Foram três semanas acompanhadas de um sentimento intraduzível: tinha com quem me importar, mas queria mesmo era estar contigo.
O que eu mais fiz, além de responder questionários clichês de tudo quanto é parente, foi calcular o tamanho da burrice que fiz antes de partir. Tinha tudo nas mãos. Digo, tudo o que precisava. Mas não, decidi escolher o mais fácil. Prendi-me a outro alguém. Fiz isso de escolher entre a outra e você só pra não me citarem aquele ditado besta: “mais vale um passarinho na mão do que dois voando”. Te soltei. Me prendi. E agora queria estar voando por aí, andando por aí, bebendo um café por aí, assistindo a um drama francês por aí; talvez ouvir uns discos do Esmites por aí (dói lembrar da tua risada ao ouvir-me caçoando The Smiths, porque, ah, como eu sinto falta). Por aí... Aí ao teu lado.
Não quero contar sobre o que aconteceu com a outra, pois aconteceram coisas boas, não escondo. Sei que está se coçando pra perguntar “Quem é melhor? Eu ou ela?”, mas acho uma baita baixaria ficar comparando. Não tem como, nem porquê. Porém, posso te dizer que o número de bons momentos foi tremendamente menor que o número de desavenças. Brigas. Brigas bobas. Mas o maior motivo de eu não querer mais a desgraçada foi, e continua sendo, você. Bá, mas tu me tiras o sono de um jeito, guria... Se pelo menos fosse o teu cabelo bagunçado no meu peito ou teus beliscões fraquinhos no meu braço os motivo dessa insônia, estaria tudo bem. Mas me ocorria exatamente o oposto. Tua ausência. Fazes-me falta. E eu sei que meu filme está queimado contigo. Muito queimado. Tostado. Cremado. E a culpa nem tua é. Eu peguei o que sentia por ti e lancei pela janela do carro, enquanto me distanciava. A cara que tu fez, enquanto eu me despedia, guria, hoje lembrando, dói em mim. Dava pra ver na tua cara, que você queria chorar, não sei se de raiva por ouvir minha decisão ou de dor por gostar de mim de um jeito que, naquele tempo, era maior que o que eu sentia por ti. Pensando mais em mim, não me importei com o que tu sentias, por mais que eu gostasse de ti.
Aí... Parti pra minha terra natal e lá reencontrei aquele pacote com tudo o que sentia. Inocência, carinho e um pouco de esquizofrenia. Uma franja tão grande que esconde teus olhos verdes e teus lábios que me encantam brutalmente. E você ainda me dizia que o cabelo jogado na cara era só pra esconder as olheiras. Mas, guria, você não imagina o quanto essas olheiras são bonitas e charmosas. Através dela, percebi tua alma inquieta, que passa noites pensando em... tudo. Inclusive, pensando em caras que partiram teu coração, como eu.
Mas eu fui tolo. Desperdicei-te. Desperdicei a chance de passar horas discutindo sobre o mérito de tal diretor por receber tal prêmio, ou diálogos sobre tristezas passadas, que nos atormentam e moldam nossa personalidade até hoje, ou sobre as vantagens de ser depressivo. Coisa, aliás, que temos em comum em alta quantia.
E na ceia de natal, enquanto todos faziam a piada do pavê ou comentavam sobre o show anual do Roberto Carlos (“como ele chegou ao patamar de ‘rei’?”, lembro de você me perguntar isso uma vez num tom indignado), eu estava cada vez mais decidido em largar a outra e... correr pros teus braços. Mas eu sabia que você não me receberia sorridentemente. Acho que você me odeia atualmente. E eu sabia que você já estava se envolvendo com outro. Menos babaca que eu, espero. Mas isso não me interessa.
Porém, acredito que você não me odeia tanto, tanto, até porque ainda trocamos mensagens humildes por celular. Quer dizer, eu mandava uma sms com algum assunto aleatório e você me respondia com teu clássico “haha :)” no final, que me deixa puto. Não sei se você me respondia por educação, pra não soar grosseira, ou porque ainda tinha vontade de mim.
Assim que cheguei à Curitiba, minha primeira vontade foi correr para tua casa. Mas eu não estava pronto. Eu precisava redigir um pedido de desculpas. Eu precisava estar pronto para poder te encarar e contar as verdades.
Primeiramente, me abri com uma amiga, aquela que você sentia um pouquinho de ciúmes por termos uma amizade tão sincera, mas você sabe que eu não a desejava do jeito que eu te desejava. Depois, fui me abrir sobre você com um amigo, que é um romântico frustrado, pior que eu. Você não o conhece, ele é gente boa, um depressivo melancólico, pior que nós dois juntos. Aliás, vocês deviam se conhecer, mas depois. Essas duas pessoas serviram só pra eu atestar com mais força essa vontade de ter você. Pensei em como agir, pensei muito. Lembrei que aquele teu livro favorito está comigo. Dormi com ele sob meu travesseiro só pra que absorvesse meu cheiro. Mandei-te uma mensagem de celular com “preciso te ver, estou com aquele teu livro.... quando podemos nos encontrar?” esperando que você se desmanchasse em ansiedade, alegria e vontade; mas você respondeu apenas “nossa, estou cheia de compromissos por aqui :( acho que só na semana que vem... que tal sábado? Haha :)” E na madrugada de sexta-feira, quando escolhemos o local do encontro, iniciei uma crise de ansiedade que me atormentava todas as noites e me fazia dormir às quatro da manhã. Uma semana depois, um dia antes do reencontro, eu estava mais ansioso, porém ainda não tinha algo definido pra te falar. Eu queria logo era te dar um abraço cheio de arrependimentos e um beijo demorado. Até brinquei com meu amigo melancólico pra ele escrever um roteiro (ele manda bem nos contos, mas não mais que você) para o nosso encontro com um com um final feliz e um felizes para sempre. Mas acho que você não aceitaria seguir um roteiro alheio, pois tens vontades próprias e é toda não -linear.
Eu tinha três certezas sobre nosso estimado encontro: devolver teu livro, presentear-te com aquele livro que tanto você queria e ficar todo confuso na hora de falar.
O que eu mais fiz, além de responder questionários clichês de tudo quanto é parente, foi calcular o tamanho da burrice que fiz antes de partir. Tinha tudo nas mãos. Digo, tudo o que precisava. Mas não, decidi escolher o mais fácil. Prendi-me a outro alguém. Fiz isso de escolher entre a outra e você só pra não me citarem aquele ditado besta: “mais vale um passarinho na mão do que dois voando”. Te soltei. Me prendi. E agora queria estar voando por aí, andando por aí, bebendo um café por aí, assistindo a um drama francês por aí; talvez ouvir uns discos do Esmites por aí (dói lembrar da tua risada ao ouvir-me caçoando The Smiths, porque, ah, como eu sinto falta). Por aí... Aí ao teu lado.
Não quero contar sobre o que aconteceu com a outra, pois aconteceram coisas boas, não escondo. Sei que está se coçando pra perguntar “Quem é melhor? Eu ou ela?”, mas acho uma baita baixaria ficar comparando. Não tem como, nem porquê. Porém, posso te dizer que o número de bons momentos foi tremendamente menor que o número de desavenças. Brigas. Brigas bobas. Mas o maior motivo de eu não querer mais a desgraçada foi, e continua sendo, você. Bá, mas tu me tiras o sono de um jeito, guria... Se pelo menos fosse o teu cabelo bagunçado no meu peito ou teus beliscões fraquinhos no meu braço os motivo dessa insônia, estaria tudo bem. Mas me ocorria exatamente o oposto. Tua ausência. Fazes-me falta. E eu sei que meu filme está queimado contigo. Muito queimado. Tostado. Cremado. E a culpa nem tua é. Eu peguei o que sentia por ti e lancei pela janela do carro, enquanto me distanciava. A cara que tu fez, enquanto eu me despedia, guria, hoje lembrando, dói em mim. Dava pra ver na tua cara, que você queria chorar, não sei se de raiva por ouvir minha decisão ou de dor por gostar de mim de um jeito que, naquele tempo, era maior que o que eu sentia por ti. Pensando mais em mim, não me importei com o que tu sentias, por mais que eu gostasse de ti.
Aí... Parti pra minha terra natal e lá reencontrei aquele pacote com tudo o que sentia. Inocência, carinho e um pouco de esquizofrenia. Uma franja tão grande que esconde teus olhos verdes e teus lábios que me encantam brutalmente. E você ainda me dizia que o cabelo jogado na cara era só pra esconder as olheiras. Mas, guria, você não imagina o quanto essas olheiras são bonitas e charmosas. Através dela, percebi tua alma inquieta, que passa noites pensando em... tudo. Inclusive, pensando em caras que partiram teu coração, como eu.
Mas eu fui tolo. Desperdicei-te. Desperdicei a chance de passar horas discutindo sobre o mérito de tal diretor por receber tal prêmio, ou diálogos sobre tristezas passadas, que nos atormentam e moldam nossa personalidade até hoje, ou sobre as vantagens de ser depressivo. Coisa, aliás, que temos em comum em alta quantia.
E na ceia de natal, enquanto todos faziam a piada do pavê ou comentavam sobre o show anual do Roberto Carlos (“como ele chegou ao patamar de ‘rei’?”, lembro de você me perguntar isso uma vez num tom indignado), eu estava cada vez mais decidido em largar a outra e... correr pros teus braços. Mas eu sabia que você não me receberia sorridentemente. Acho que você me odeia atualmente. E eu sabia que você já estava se envolvendo com outro. Menos babaca que eu, espero. Mas isso não me interessa.
Porém, acredito que você não me odeia tanto, tanto, até porque ainda trocamos mensagens humildes por celular. Quer dizer, eu mandava uma sms com algum assunto aleatório e você me respondia com teu clássico “haha :)” no final, que me deixa puto. Não sei se você me respondia por educação, pra não soar grosseira, ou porque ainda tinha vontade de mim.
Assim que cheguei à Curitiba, minha primeira vontade foi correr para tua casa. Mas eu não estava pronto. Eu precisava redigir um pedido de desculpas. Eu precisava estar pronto para poder te encarar e contar as verdades.
Primeiramente, me abri com uma amiga, aquela que você sentia um pouquinho de ciúmes por termos uma amizade tão sincera, mas você sabe que eu não a desejava do jeito que eu te desejava. Depois, fui me abrir sobre você com um amigo, que é um romântico frustrado, pior que eu. Você não o conhece, ele é gente boa, um depressivo melancólico, pior que nós dois juntos. Aliás, vocês deviam se conhecer, mas depois. Essas duas pessoas serviram só pra eu atestar com mais força essa vontade de ter você. Pensei em como agir, pensei muito. Lembrei que aquele teu livro favorito está comigo. Dormi com ele sob meu travesseiro só pra que absorvesse meu cheiro. Mandei-te uma mensagem de celular com “preciso te ver, estou com aquele teu livro.... quando podemos nos encontrar?” esperando que você se desmanchasse em ansiedade, alegria e vontade; mas você respondeu apenas “nossa, estou cheia de compromissos por aqui :( acho que só na semana que vem... que tal sábado? Haha :)” E na madrugada de sexta-feira, quando escolhemos o local do encontro, iniciei uma crise de ansiedade que me atormentava todas as noites e me fazia dormir às quatro da manhã. Uma semana depois, um dia antes do reencontro, eu estava mais ansioso, porém ainda não tinha algo definido pra te falar. Eu queria logo era te dar um abraço cheio de arrependimentos e um beijo demorado. Até brinquei com meu amigo melancólico pra ele escrever um roteiro (ele manda bem nos contos, mas não mais que você) para o nosso encontro com um com um final feliz e um felizes para sempre. Mas acho que você não aceitaria seguir um roteiro alheio, pois tens vontades próprias e é toda não -linear.
Eu tinha três certezas sobre nosso estimado encontro: devolver teu livro, presentear-te com aquele livro que tanto você queria e ficar todo confuso na hora de falar.
Menina, você é encantadora. Tens um feitiço fortíssimo. Deixa-me com vontade de sentar ao teu lado e fazer tanta coisa... Xingar o maldito Von Trier, assistir três vezes seguidas “Annie Hall”, dizer porquê choramos em “as vantagens de ser invisível” (você indignada que o menino tinha sido violentado pela tia era algo... fofo!), almoçar ao som do Jeff Buckley, discutir sobre Bukowski (como você mesma dizia, “o cara é tão bêbado, que tem ‘whisky’ no nome!”) e.. tanta coisa... “ao infinito e além!”. Ah, guria, como eu quero me desculpar e voltar a ficar bem contigo. Como eu quero. Como eu te quero! Menina, eu te quero.
"Lover, you should've come over
Cause it's not too late"