2016/02/26

Sem tempo para nós ou [Confidencial]

[...]

- Não só me arrependo como me odeio por ter sido a pessoa horrível que fui contigo. A lembrança se tornou uma farpa. Todo dia tento arrancar mais um pouco.

[...]

-Tô faz tempo numa crise de identidade, que não consigo manter um comportamento só, fico instável, como você bem viu, e isso faz com que eu machuque as pessoas, mesmo quem quero que permaneça por perto. Por mim, te pediria desculpas diariamente, mas sei que não adianta.

[...]

- Consegui me desintoxicar de algumas relações e alguns sentimentos que ma faziam mal e creio que ainda leve um tempo pra me "recuperar".

[...]

- Achei que você me fazia mal, mas então percebi que o que havia de ruim entre nós estava tudo na minha cabeça e era o que eu fazia, nada você.

[...]

- Se fosse em outra época, a gente teria dado realmente certo, mas “you met me in a very strange time of my life”.

[...]

- Poderia dizer que desejo uma segunda chance (ou seja lá qual for), mas, e isso não tem muito a ver com esses problemas que superei nos últimos meses, eu simplesmente não sei se sou forte o suficiente pra viver viver uma vida a dois com você... Nem com ninguém. I just can’t. Isso me machuca ainda mais, por mais que eu viva por amor, que eu respire romantismo, quando acontece de fato ou surge simplesmente uma ótima possibilidade de tentar... Eu fraquejo, corro, estrago.

[...]

- Eu tinha medo, porque não sabia lidar com teu sentimento.

[...]

2016/02/23

... (rare and unreleased)

I can’t find a metaphor
or analogy
or parabole
or whatever
to translate how i feel

about you
leaving
this mess

about me
disappearing
in memories

about us
disconnecting
with no regrets

about pride
guiding
our minds

about time
flowing
always



about end
destroying
dreams

about everything
becoming
nothing

2016/02/17

15 metros ou Insistência ou desistência

Após meses distanciamento, o tempo destila todos os sentimentos existentes em uma relação - romântica ou de amizade -, deixando restar apenas aqueles que realmente fundamentaram o contato, memoráveis, ignorando aqueles que fizeram tudo desmoronar, na maioria das vezes. Neste episódio específico, o que aflorou naquele que lia na lanchonete não foi toda a amizade de quatro anos que teve (ou ainda tinha?) com aquela que estava no ônibus, que passava em frente ao lugar onde ele se encontrava, mas o amor, o romance, o platonismo ao qual se deixou afundar com o passar dos dias ao lado de, segundo, ele mesmo, a pessoa mais afetuosa que se arriscou a entrar em sua vida conturbada, levando para o fundo todo o afeto fraternal que havia. Depois daqueles seis segundos passados entre o ônibus surgir no espaço em frente a fachada da vidro da lanchonete e desaparecer seguindo o fluxo da rua, logo virando na primeira esquina à direita, despertou o amor afogado, o carinho rememorou os brilhos flamejantes que o atingiam diariamente quando ainda acreditava que ela seria - ou deveria ser - sua companheira para a vida, a cama, as festas, os trabalhos, as viagens, as gestações, o fim.

A insistência dele em permanecer romântico, o romântico clássico, do tipo que sangra (figurativamente, por favor, sem equívocos) por amor e morre por sequelas do sentimento, e o altruísmo benevolente que transborda afeto dela, mantendo próximo quem estivesse (de algum modo, psicologicamente) danificado para que tentasse consertar tal pessoa.
A harmonia entre eles se manteve por meses, anos, através de um código criptografado por desconhecidos, até que uma epifania (possivelmente) coletiva gerou a repulsão de qualquer intenção de se derramar de amor por ela ou ser a barragem de contenção para ele, a ausência de saudade, o desentendimento sobre desejar a amizade ou tudo e amizade ou estudar uma psiquê desgraçada.


Tão rápido quanto o encontro e o ressurgir de algum sentimento maior foi o desmoronamento do mesmo, depois de as lembranças dolorosas invadirem a mente daquele que tentava retomar sua leitura, mas não desfocava os pensamentos daquela que esteve presente por tanto tempo em sua instável vida, poucas pessoas conseguiam.

O que ocorreu dias após essa colisão poderia ser narrada, mas não possui relevância para quem ainda possui (que seja, um pouco de) fé na continuidade de qualquer relação entre aquela que apertava a mão de seu cônjuge no ônibus, agarrando-se a certeza real que sentia ao estar a poucos dias de mudar de cidade e de vida, e aquele que lia um livro por semana para se livrar das memórias corrosivas de pessoas que haviam partido ou encontrado um canto melhor que o seu poço de traumas para repousar.