[...] Fluxo constante de melancolia [...] No meu quarto, fecho as portas e deságuo, me afogo [...] Quando estou com alguém - não apenas romanticamente, afinal, apesar de eu ser eu, também me relacionei com pessoas de forma não-romântica -, mesmo que em lugares públicos, fecho as barragens dessa represa para que ninguém se afogue inocentemente, não gosto quando arrasto alguém comigo inesperadamente que não sabe nadar nessa específica confusão [...] Não gosto de muita coisa que faço, mas ainda faço a maioria delas por ter perdido o total controle dos meus atos - na maioria das vezes, impulsivos, até mesmo indesejados, preteridos -, eu fluo, comodismo, falta de força para lutar contra qualquer coisa que me atinge, me arrasto empurrado pela enxurrada imparável do tempo correndo sem escrúpulos nem gentileza para com quem não quer que ele corra [...] Certas vezes, mesmo sem pensar, como já dizia uma pessoa que conseguiu escapar desse barco furado, após emergir de um naufrágio anterior juntos, [...] eu sou alguém manipulador e persuasivo, portanto acabo por deixar de propósito a onda melancólica levar alguém junto comigo, ambos entrelaçados por cordas, correntes, algas, sentimento, alguma coisa que faz nos debatermos na água [...] Em geral, relacionar-se comigo deixa de ser algo saudável em um inesperado momento, pois o Inesperado na vida de uma pessoa instável acontece quando mais se espera: a qualquer instante [...]
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