Alberto era, felizmente, o cara mais, despropositalmente, lindo e fofo do meu mundo. Diz coisas que, sem querer, são tão bonitas e cativantes. Qualquer garota amaria tê-lo ao seu lado dizendo aquelas graças mas esse privilégio era meu somente.
Sem dinheiro, disléxico, desempregado, tímido, calado, inteiramente meu; cheio de roupas sujas, velhas e rasgadas: esse é apenas um conjunto dentre 280000 definições daquele garoto tão...
Conhecê-mo-nos no dia treze de Abril. Segundo ele, já andava me observando há tempos; porém foi nesse dia que ele finalmente, felizmente, decidira se apresentar a mim. Pra quem não sabe, treze de Abril é o "dia do beijo".
Declarou seu amor platônico, sem sequer me tocar, focando meus olhos; expondo seus convincentes argumentos. E seus principais "defeitos": teimosia, orgulho, ser mimado, possessivo e "quando tem algo não larga desse algo até enjoar". Era lindo vê-lo gesticulando como se apossava de algo, puxando-o para si e apertando contra seu peito e dizendo: "eu quero, é meu, meu, só meu, não largo!". Esclareceu, também, que se o sentimento fosse recíproco ele não abandonaria o romance como quando enjoava de um brinquedo qualquer. A cada palavra solta por este garoto-poeta-tão-apaixonante eu me tornava cada vez mais confusa pois me estava vivendo um romance; conturbado era, confesso, mas era um romance. A cada palavra solta ele assassinava cada vez mais meu sentimento pelo outro rapaz. Ele matou um romance que não era dele e foi melhor pra nós. Como Alberto mesmo descreveu ser um "defeito" seu, foi teimoso até eu me tornar inteiramente sua. Defeito? Se não fosse por isso eu estaria, talvez, frustrada por ter continuado naquele romance que Alberto assassinou com a minha permissão; estaria, talvez, decepcionada por estar com alguém que não era pra mim. "A vida é feita de escolhas e eu não poderia ter escolhido caminho melhor que o teu," Alberto.
Ahr! E como eu sou feliz por ter ouvido aquele garoto tão, expressivamente, confuso, disléxico, convincente e, naquele dia, desconhecido. Ainda é um desconhecido, conheço-o pouco mais a cada dia que se passa desde que daquele dia 13 e quero morrer sem ter conhecido todo aquele ser hermético que chamo, com todo o prazer e toda a convicção, de "meu".
Ahr! Ele é tão folgado (óbvio, após ter conquistado toda confiança, liberdade, carinho, respeito e reciprocidade) ao ponto de não me chamar de "Alice", me chamar de "Ei,..." e prosseguir com o que quer dizer.
Ahr! Como eu adoro esse garoto brincalhão, que no dia treze de Abril disse que se fosse um daqueles caras galinhas, ao invés de ter se declarado sinceramente, teria dito "E aí, gata, tá a fim de comemorar o dia do beijo comigo?"
Ahr! Como era bom ter "liberdade pra poder falar sobre o que se sente e o que já foi sentido" não só entre nós mas no passado também, com outras pessoas. Alguns outros casais tem liberdade apenas sobre uma cama no escuro pra mostrar suas genitálias a(o) parceira(o). Liberdade é, além disso e muito mais, como conversar com espelho: dizer o que quiser sem ter vergonha, sem moderar as palavras. Mas, claro, com respeito.
Em treze de março eu queria acreditar que em algum lugar dessa cidade alguém procurava por mim, assim como eu procurava por alguém. Alguém que procurasse alguém para ser "a sua garota". Eu procurava reciprocidade, alguém para ser "o meu garoto". Pensava que o "garoto decente" apenas existisse nos romances de livraria ou naquelas fotos do Tumblr. Mas de onde viria a inspiração para criar esses romances e essas fotos? Da vida real! Mesmo que pareça utopia, encontrar o seu alguém decente, não é. Utopia é ganhar na mega-sena, é Os Simpsons, é implantar o Socialismo em nosso país; é descer do ônibus, em Curitiba, às seis da tarde sem ser atropelado por quem embarca.
Tem louco pra tudo! Por mais estranho(a) que você seja. Ele me fez acreditar nisso. É como ele mesmo diz: "Para se conquistar algo necessário é preciso 'Acreditar (nesse algo necessário) e Batalhar.'" Acredite e batalhe. Pode demorar três dias, três anos ou uma década, calma, tua hora vai chegar.
Alberto me fez acreditar nele e no amor e batalhar pela felicidade. Graças a nós, eu vivo e é recíproco.
Sem ele não há eu, sem eu não há ele.
Somos nós "ao infinito e além!"
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