2013/06/11

Tu és incapaz de amar

Voltei do almoço e abri minha caixa de entrada para ver se havia alguma resposta dos currículos que enviara. Nada além de um email daquela pessoa. Sem Assunto. Apenas:


"Antes de tudo, por favor, me perdoe por dessa vez não usar as palavras mais doces ou meu tom de voz mais sóbrio, cansei de desperdiçar-lhes contigo.

Estou aqui para, de uma vez por todas, te dar o teu merecido pé na bunda. Isso. Sem rodeios, floreios, sem mais delongas como você fez sempre tão bem. Estou aqui para dizer que esse é o limite da nossa historia. Esse é o ponto final tão adiado por nós
.

Hoje acordei mais cedo e fiquei me olhando no espelho, tentando entender porque nossa história não deu certo. Revi minhas falas, ajeitei o cabelo, passei uma água no rosto, coloquei curativo nas feridas. Vi que a culpa foi sempre tua. Você e esse seu egoísmo. Esse teu peito inchado, esse teu ego inflado.

Tua pessoa nunca esteve preparada para receber todo o amor eu era capaz de dar. Você nunca terá aptidão pra receber todo o carinho, atenção, dedicação que eu, de forma idiota, me dispus a te oferecer. Você merece, mais uma vez me perdoe, sofrer ou encontrar alguém tão gelada quanto você, para assim aprender que ninguém, isso, ninguém vai te aquecer no calor dos braços, como eu.

Me perdoe por ser tão doce ao ponto de te bater com palavras e ainda assim, te pedir perdão. É que mesmo sabendo ser ruim como tu tão bens me ensinastes, eu nasci pra viver a bondade em mim. E tu, criatura cheia de si, não consegue ter a benevolência a minha altura. Consegues sim, ser alguém a altura de poucos, dos baixos, dos infames, pérfidos e criaturas mesquinhas com quem se reúnes.

Desejo que seja muito feliz na tentativa fútil de achar alguém que te ame mais do que eu fui capaz de te amar. Desejo-me sorte, principalmente agora que criei coragem para te esbofetear os córneos. Que nos encontremos nas voltas que a vida der, e brindemos àquilo que poderia ter sido lindo, mas a tua feiura bela conseguiu estragar. Devolve-me agora meu coração. Dá-lo-ei a quem souber usar. Tu és incapaz de amar." *



Apenas isso. Voltei a mim e soltei um suspiro gelado como se nem minha alma aguentasse mais a minha maldade. Melhor dizendo, minha ingratidão. Minha preguiça de valorizar alguém que tanto me estimava. Senti nada além de um inesperada porrada na minha cara. Minto. Senti também o peso atrasado de perceber que eu poderia ser muito mais e receber muito mais. Mas não, preferi escolher as bocas mais fáceis, as menos trabalhosas, aquelas que só me davam prazer, que não me davam futuro. E eu deixei a boca mais doce partir rumo a alguém que a fizesse bem, já que eu só lhe causei mal. Esse meu egoísmo, se aguentar a falta dessa pessoa, ainda vai me matar.

* De uma pessoa consciente de sua própria impulsividade hedonista,

que insistiu em alguém que parecia ser alguém.

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