2015/05/30

Sem título I - II


- Você quer ficar aqui? - Guiei minha mão a fim de encontrar a sua, apertei-a, com todo o carinho que havia em mim, não era pouco, e continuei - Porque não te obrigo a ficar, nunca obriguei, e não precisa me esperar dormir. Seria mais fácil, com certeza, e também um ato muito covarde. Não que eu não queira te ver mais, ainda é cedo pra querer te ver partir, pra te odiar, não! Apenas não, não agora nem quando eu acordar e te ver roncando do meu lado. Mas não sou apenas eu que decido, você… - Neste momento, senti sua respiração ofegante se intensificar, deixei de apertar sua mão e procurei seu rosto, que esboçava um sorriso. - Você quer sumir ou continuar aqui?
- Quero! Quero ficar aqui roncando enquanto você me chuta enquanto sonha que briga sem forças nem mira com alguém que você desconhece. Sei que nossa usina hidrelétrica ainda tem muita força, até transborda de tanta água.
- Não tenho medo de afogar nesse lago sem fundo… - E me joguei sobre seu corpo inofensivo num abraço demorado.Por mais que gostássemos desses diálogos cheios de figuras de linguagem, as músicas enfim já nos rendia ao conforto do silêncio. Mesmo que na escuridão, mesmo que ele não conseguisse me enxergar, sorri. Logo caí para meu lado da cama e comecei a me afundar em uma sonolência pesadamente confortável. Superheroes of BMX começou e a última coisa que me lembro desta noite foi um beijo atingindo minha testa e um “boa noite” que interpretei como um código para entrar no salão onde Morfeu e Hipnos realizavam seus encantos.

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