2015/08/17

Persona

Não amo suas palavras, emoções ou curvas, digo, não apenas isso, mas amo profundamente o que se cria entre o seu verdadeiro eu e o que enxergo de você. Amo o ideal e isso me faz amar - ainda mais - o real. Insisto, apesar disso, teimosamente, em ver o que idealizo que seja. Não amo tal filme, série ou livro por si só, amo por me fazer lembrar de você. Infelizmente, não consigo viver somente de minhas vontades idealizadas, nem mesmo daquelas que tomaram forma humana, preciso do colisão de rostos cansados, do afago das mãos machucada e tudo mais que possa acontecer entre nós. Você me guia, direciona meu desejo, enquanto creio que sentes o mesmo por mim. O amor talvez tenha causado em você o mesmo que em mim, criou na sua cabeça o que esperava que eu fosse, e não o que eu realmente era, te impede de ver a verdadeira desgraça que sou. Como sempre, chegamos a um fim. “Um” fim, porque vive(re)mos vários. Ainda que soltemos gritos mudos para nós mesmos, no silêncio de nossos quartos, “chegamos ao desfecho deste romance”, vamos nos reencontrar, vamos colidir. Cansei desse nosso drama tanto quanto cansei de tentar te encontrar em livros, séries, ruas ou filmes, mentira, não consigo me desamarrar de nós e correr para longe (de nós) até chegar a algum lugar onde tudo seja mais simples. Mas, você sabe, não consigo simplesmente partir. Quantas vezes voltei? Insisto. Repito. Vou e volto.

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