Disposto à xingar o desgraçado que me puxou, olho para o fulano e quando reconheço aquele rosto tão avacalhado, simplesmente travei. Pelo visto, foi um ato recíproco de ambos ali naquela sarjeta imunda do Largo.
Meu rosto, meu corpo, só eram capazes de tremer. Pois, internamente, corriam diversas emoções intensamente. Tantas, que se eu fosse um computador, já teria explodido.
Ao mesmo tempo que estava alegre por estar revendo depois de anos a "garota da ordem", estava furioso por tudo o que ela me causou, nervoso pois fico assim toda vez que a vejo, triste por encontrá-la naquele estado, inconformado por ela ser tão burra, disposto a tirá-la daquele lugar... mas isso só depois de ouvir tudo o que ocorreu com sua vida desde que tinha dezessete anos.
Meu sistema estava sobrecarregando-se, e com isso as emoções começaram a se soltar. Lágrimas leves de angústia e uma dor no peito aumentavam meu tremor. Tentei decifrar o que Norah sentia, mas aqueles malditos olhos verdes me hipnotizaram. Só sei que ela não disse nada, eu também não. Não faço ideia de quanto tempo ficamos ali, paralizados. Até que ela disse algo.
- Se eu tivesse condições, me levantaria e te daria um abraço. Mas já estou morta demais para isso. Então, abaixa aqui e me abraça.
-... como você foi capaz de fazer isso... consigo mesma?
Dizendo isso, me sentei ao seu lado e a envolvi em meus braços.
- O que?... Eu era apenas uma garotinha inocente.
- Mas por que? Você tinha tudo o que quisesse.
- Você já se iludiu por um amor, falso ou platônico, certo?
- Não quero falar sobre mim! Quero saber porque você sumiu... e porque voltou, nesse estado.
- Quer saber mesmo?
- Diga.
- Como diria um antigo programa de tv: Senta que lá vem história...
-Já estou sentado, besta!
- Quer uma pipoca, ou alguma bebida? Olha aqui, tenho um resto de pinga, você quer?
-...
Ignorei. Me calei. Rosto sério. Internamente, implorei para que ela dissesse tudo de uma vez.
- Ai, tá... desculpa. Então... Mudei de colégio no meu ultimo ano do ensino médio. Perdi contato, propositalmente, com a maioria daquelas minhas "amigas" e alguns noobs do Leôncio. Nem me importei com você, mesmo sabendo de TUDO.
"Na escola nova, entrei em uma sala bizarra demais. Cheia de estranhos e estranhas, só uma pessoa era interessante. E quis ter amizade imediatamente com ela. Sebastião era seu nome. Aparentemente bonito, inteligente, carinhoso, e deveras outras características que eu considerava ideais para um namorado. No mesmo dia em que nos conhecemos, fomos ao cinema e lá, ficamos. Foi um romance espontâneo. Simplesmente não nos separávamos. Eu estava louca de amores por ele. Meus sentimentos eram os mais sinceros possíveis, pensava eu. Eramos a dupla dinâmica da turma, fazíamos tudo juntos, estudávamos, matávamos aulas, colávamos nas provas, tudo mesmo. Estava disposta a fazer qualquer coisa para não perdê-lo. E acreditava que tudo isso era recíproco... "Recíproco" é uma palavra engraçada, não acha?"
- Talvez, mas lembro que é o nome de uma poesia que te escrevi, creio que foi uma das ultimas que te entreguei, antes de você partir.
- Nossa, que memória você tem! Como é mesmo esse poema?
-Não lembro.
- Capaz! Claro que lembra. Eu lembro:
"Espere um pouco,
me livre deste sufuco,
todo esse vazio me deixa oco.
Preencha-me com tua vida.
Mas, por favor, ..."
-... que seja recíproco.
Ou, um dia, te darei o troco.
- Uau!
- Que vergonha dessa minha criação. Uma das piores que fiz, foi de improviso. Escrevi no guardanapo e te entreguei em seguida.
- É, eu lembro. Li e reli várias vezes. Tentei decifrar teu sentimento, mas falhei. E então vai me dar o troco?
- Seria o certo, bem que eu quero. Mas não agrido mulheres, muito menos bêbadas.
- Haha... Bêbada é pouco. Já nem sei quanto bebi e quantos comprimidos ingeri.
-Depois você conta, agora continua a história.
- Tá bom, tiozão.
"Enfim, eu e Sebas namorávamos escondido. Porque ele dizia que seus pais não aprovavam qualquer tipo de relação antes do casamento, devido à religião. Ele, com quase dezoito anos, já não suportava mais essa privação. Eu, louca com recém dezessete anos completos, queria oficializar de qualquer jeito.
Então, ele me propôs que quando completasse seus dezoito anos, nós iríamos para Portugal, ter uma vida só nossa. Eu, louca apaixonada e inconsequente, aceitei. Mesmo temendo que meu pai tivesse um ataque do coração.
Na véspera do aniversário, comecei a arrumar minhas malas e uma desculpa que meu pai aceitasse bem. Disse a ele que uma colega de turma iria fazer uma festa na chácara de sua família, uma espécie de acampamento de final de semana. Ele me autorizou a ir, e me deu dinheiro para comprar doces. Tudo bem, peguei todas minhas economias guardadas para comprar meu carro e parti. Não sei o que Sebastião disse para seus pais, mas só sei que ele chegou no horário certo onde combinamos. Pegamos o avião para São Paulo às três da manhã, e de lá pegamos outro para Portugal. O fuso horário me confundiu, mas aterrissamos em Portugal quando o pôr-do-sol já ia desaparecendo. Sebás, já tinha tudo combinado com um "amigo" que morava no centro de Lisboa. Do aeroporto, fomos até a casa dele. Um verdadeiro muquifo, aterrorizante. Pensei que estava no Massacre da serra elétrica. Não estava no filme em questão, mas meu pesadelo começou na mesma noite em que cheguei. Quando chegamos, Jardel, o dono da casa, estava fazendo uma coisa que eu nunca havia experimentado, estava preparando uma "carreira", se é que você me entende. Olhou para nós e disse:
-Sejam bem-vindos! Querem um pouco disso? É só a entrada, a noite vai ser de festa, uma longa festa!"
2009/12/20
2009/12/06
Cegueira proposital - Não me deixe sangrar
Algumas pessoas se assustavam com minhas atitudes, em relação à Norah. Depois de tudo o que ela fez e não fez comigo, eu ainda a amava. Isso sim, é amor, platônico de verdade. Por mais que o tempo passe, por mais que ela tenha me humilhado, por mais que tenha mudado, eu simplesmente não parava de amá-la. Depois de alguns anos de abstinência, sem saber onde ela estava, tudo aquilo que senti voltava a superfície. Quando ela partiu, adorei, porque teria a oportunidade de não vê-la mais, e esquecer tudo que me atormentava. Mas amor platônico é assim, não morre, parece que sim, mas ele engana. Na verdade, ele só está bem escondido no fundo do coração. E eu consegui cavar um buraco bem fundo e escondido para Norah, pois não conseguia mais encontrá-la, mas o que aconteceu, ela ressuscitou, e trouxe todos os fantasmas da minha adolescência. Alguns se converteram em amor, e preocupação- pois ainda não a encontrara-, mas os mais fortes trouxeram lembranças, péssimas lembranças.
Recordei de tudo que fiz para impressionar quem pouco se importava com minha existência. Lembrei de todos os lugares que frequentei para observá-la. Recomprei todas as roupas que usava para chamar a atenção. Mas a atenção de Norah era cara e surda.
Estava tão inconsequente que saí de casa, àquela hora da madrugada, à pé. Alvo fácil de qualquer ladrão. Tinha carro e bicicleta, mas o retorno inesperado de Norah me deixou atordoado, e não me deixou pensar em meio de transporte.
No caminho para o Largo, passei pela praça Osório e em frente a um snooker bar da mesma rua. E isso me fez lembrar de uma coisa, quero dizer, uma pessoa. Por incrível que pareça, não era Norah. Como pude esquecer de Sofia?
Não era exatamente minha amiga, muito menos minha namorada. Mas confesso que tínhamos uma relação muito diferente de qualquer uma.
Ela sabia de todos os meus segredos, eu sabia de todos seus segredos. Sabia de todo o meu passado, eu sabia de todo o seu passado. Sabia de todos meus romances que deram errado, eu sabia de quantos homens ela havia gostada. Sinceramente, eu conhecia ela mais do que qualquer um. Ela me conhecia por inteiro. Mas não sei o que nos impedia de assumir um namoro formal. Creio que se fossemos fazer isso, tudo daria errado. Então era melhor manter essa relação louca e sem rotina. Ela saia com quem quisesse, eu pegava quantas pudesse. Nós aceitávamos tudo o que o outro fizesse. Era um caso sem aliança qualquer. Quando um precisasse do outro, era só chamar.
Mesmo eu estando com outras. Mesmo ela pegando outros. Nós sabíamos que encontraríamos carinho, conforto, alegria, confiança e apoio quando estivéssemos juntos.
Eu, apesar do passado, era aparentemente comportado. Mesmo tenho uma juventude rebelde. Ela, apesar da beleza, era toda suja e alcoólatra. Mesmo sendo de uma família religiosa. Nós fazíamos um casal bonito, interessante.
Mas eu sentia a necessidade de ter um tempo sem ela. Não sabia explicar ao certo, mas hoje sei que o motivo para isso, estava jogado em alguma sarjeta, esperando alguém. A morte ou eu.
Acredito que eu era o único homem a realmente gostar de Sofia. Tornava seus defeitos, grandes qualidades. Simplesmente ignorava seus erros, e aproveitava ao máximo sua bondade. Eu fui cego ao não perceber que eu a deixava realmente feliz e motivada a viver mais, ao meu lado. Eu era quem ela mais desejava.
Mas o que me assustou naquela madrugada dominical foi simplesmente eu esquecer de Sofia. Esquecer de nossa relação. E me preocupar com uma desgraçada que ferrou toda minha adolescência.
Depois de voltar no tempo e me distrair com a loira do snooker bar, começo a andar mais atento. Pois me aproximo do Largo da Ordem e sei que Norah está próxima.
Sabia que ela estaria perto do Opera, mas não conseguia encontrar nada parecido com uma bela moça que não via há muito tempo. Só alguns moradores de rua e uns bêbados desmaiados. Passei por um corpo que puxou minha perna e disse:
-Você demorou!
Recordei de tudo que fiz para impressionar quem pouco se importava com minha existência. Lembrei de todos os lugares que frequentei para observá-la. Recomprei todas as roupas que usava para chamar a atenção. Mas a atenção de Norah era cara e surda.
Estava tão inconsequente que saí de casa, àquela hora da madrugada, à pé. Alvo fácil de qualquer ladrão. Tinha carro e bicicleta, mas o retorno inesperado de Norah me deixou atordoado, e não me deixou pensar em meio de transporte.
No caminho para o Largo, passei pela praça Osório e em frente a um snooker bar da mesma rua. E isso me fez lembrar de uma coisa, quero dizer, uma pessoa. Por incrível que pareça, não era Norah. Como pude esquecer de Sofia?
Não era exatamente minha amiga, muito menos minha namorada. Mas confesso que tínhamos uma relação muito diferente de qualquer uma.
Ela sabia de todos os meus segredos, eu sabia de todos seus segredos. Sabia de todo o meu passado, eu sabia de todo o seu passado. Sabia de todos meus romances que deram errado, eu sabia de quantos homens ela havia gostada. Sinceramente, eu conhecia ela mais do que qualquer um. Ela me conhecia por inteiro. Mas não sei o que nos impedia de assumir um namoro formal. Creio que se fossemos fazer isso, tudo daria errado. Então era melhor manter essa relação louca e sem rotina. Ela saia com quem quisesse, eu pegava quantas pudesse. Nós aceitávamos tudo o que o outro fizesse. Era um caso sem aliança qualquer. Quando um precisasse do outro, era só chamar.
Mesmo eu estando com outras. Mesmo ela pegando outros. Nós sabíamos que encontraríamos carinho, conforto, alegria, confiança e apoio quando estivéssemos juntos.
Eu, apesar do passado, era aparentemente comportado. Mesmo tenho uma juventude rebelde. Ela, apesar da beleza, era toda suja e alcoólatra. Mesmo sendo de uma família religiosa. Nós fazíamos um casal bonito, interessante.
Mas eu sentia a necessidade de ter um tempo sem ela. Não sabia explicar ao certo, mas hoje sei que o motivo para isso, estava jogado em alguma sarjeta, esperando alguém. A morte ou eu.
Acredito que eu era o único homem a realmente gostar de Sofia. Tornava seus defeitos, grandes qualidades. Simplesmente ignorava seus erros, e aproveitava ao máximo sua bondade. Eu fui cego ao não perceber que eu a deixava realmente feliz e motivada a viver mais, ao meu lado. Eu era quem ela mais desejava.
Mas o que me assustou naquela madrugada dominical foi simplesmente eu esquecer de Sofia. Esquecer de nossa relação. E me preocupar com uma desgraçada que ferrou toda minha adolescência.
Depois de voltar no tempo e me distrair com a loira do snooker bar, começo a andar mais atento. Pois me aproximo do Largo da Ordem e sei que Norah está próxima.
Sabia que ela estaria perto do Opera, mas não conseguia encontrar nada parecido com uma bela moça que não via há muito tempo. Só alguns moradores de rua e uns bêbados desmaiados. Passei por um corpo que puxou minha perna e disse:
-Você demorou!
Sarjeta da Abstinência - Não me deixe sangrar
Graças à um morador de rua e seu cão, me livrei de três ou quatro caras, não lembro ao certo pois estava "chapada" demais, que queriam ir comigo à não lembro onde para "brincar", segundo eles.
Esse era o problema em ter vinte e quatro anos e um rosto de dezeseis, as pessoas, principalmente homens, queriam se aproveitar de minha inocência aparente. Bem, alguns conseguiram, por isso estava no estado em que Tomas me encontrou, drogada, suja e sem vida. Mas depois do que aconteceu entre eu e Sebastião lá em Portugal, minha mente mudou, fiquei mais perversa, maligna, e depressiva.
Tudo o que o meu mais novo companheiro de sarjeta, e salvador, quis em troca foi um gole de cachaça e comprimidos, pois precisava manter o vício. Dei a ele o exigido, pois eu já estava "semi-morta", não me faria falta. Um só comprimido não faria mal algum a ele, em comparação às doses que tomei... algumas várias, com cachaça pura. Então, não estava só lesada, e esperando a morte devido as dúzias de comprimidos, estava bêbada também. Pelo menos não quebrei a promessa que fiz ao meu avô antes de morrer. Ele me pediu que eu nunca fumasse, pois poderia ter câncer, doença que matou o homem mais bondoso do mundo. Bem, nunca fumei, mas bebi litros e mais litros de todo e qualquer tipo de bebida alcoólica e usei algumas outras drogas, tudo menos o cigarro. Não sou de quebrar promessas.
Meu amigo da calçada se despediu e partiu rumo a agitação noturna do Largo. Mas, o que um pobre miserável, sem um vintém, faria no Centro de Curitiba? Não faço ideia, mas qualquer coisa era melhor do que ficar esperando a morte em uma calçada podre de suja em frente a um dos lugares que mais frequentei quando adolescente. Ao menos poderia esperar relembrando todas as aventuras que tive e presenciei na minha passada vida de groupie. Foram tantos momentos divertidos e satisfatórios. Perdi quase todo o tipo de virgindade naquele lugar, mas parti para Portugal com a pureza de uma criança. A ilusão é predominante na infância, faz com que elas pensem que tudo é perfeito, tudo flui a favor delas, mas é tudo mentira. E foi assim, iludida, que fugi do que pretendia me fazer bem.
Apesar das perdas e dificuldade que tive enquanto morei com meu pai, dos dois aos dezessete anos, minha vida era prazerosa. Se eu realmente quisesse algo, batalhava por isso. Mas todos têm defeitos, e por mais que dissessem que eu era a garota ideal, tinha meu lado negativo. Orgulhosa, imatura e ignorante. Isso não me prejudicava, só fazia mal a quem estava querendo se aproximar de mim. Odiava que as pessoas se interessassem por mim, para fazer amizade, se eu quisesse, eu faria. Sei que magoei muita gente, mas só concluí isso, após ser magoada por um maldito ilusionista.
Pois é, eu e meus dezessete anos, recém-completos, queriam festejar, mas conheci Sebastião. No início, era tudo o que eu queria, fazia qualquer coisa pelo seu amor, até fugiria de casa. E fiz isso, fui para Portugal com ele, que me prometeu muitas coisas, e eu iludida, o segui. O que o desgraçado realmente queria era viver às minhas custas. Me torturou, me obrigou a vender coisas ilícitas, para uma menor de idade. Vendi drogas, vendi rins e órgãos variados, e vendi meu bem mais precioso, o corpo. A virgindade que eu não perdi no Opera1 em Curitiba, eu perdi em Lisboa. Seria melhor perder isso, do que a vida completa.
Sebastião era membro de uma gangue, quase máfia, que trazia garotas do Brasil para Portugal, dizendo que teriam muitas coisas, todos aqueles sonhos juvenis. Mas na verdade, elas eram escravizadas. E eu, iludida, fui umas das primeiras vítimas dessa armação
Não entendo como consegui ficar tanto tempo refletindo sobre meu passado sombrio e vergonhoso, pois achei que logo teria um ataque causado pelos remédios. Ou, não sei, vomitaria pelo excesso de cachaça. Despertei para conferir se me restava algum comprimido, ou qualquer coisa que me matasse. Mas um fato me assustou.
Esse era o problema em ter vinte e quatro anos e um rosto de dezeseis, as pessoas, principalmente homens, queriam se aproveitar de minha inocência aparente. Bem, alguns conseguiram, por isso estava no estado em que Tomas me encontrou, drogada, suja e sem vida. Mas depois do que aconteceu entre eu e Sebastião lá em Portugal, minha mente mudou, fiquei mais perversa, maligna, e depressiva.
Tudo o que o meu mais novo companheiro de sarjeta, e salvador, quis em troca foi um gole de cachaça e comprimidos, pois precisava manter o vício. Dei a ele o exigido, pois eu já estava "semi-morta", não me faria falta. Um só comprimido não faria mal algum a ele, em comparação às doses que tomei... algumas várias, com cachaça pura. Então, não estava só lesada, e esperando a morte devido as dúzias de comprimidos, estava bêbada também. Pelo menos não quebrei a promessa que fiz ao meu avô antes de morrer. Ele me pediu que eu nunca fumasse, pois poderia ter câncer, doença que matou o homem mais bondoso do mundo. Bem, nunca fumei, mas bebi litros e mais litros de todo e qualquer tipo de bebida alcoólica e usei algumas outras drogas, tudo menos o cigarro. Não sou de quebrar promessas.
Meu amigo da calçada se despediu e partiu rumo a agitação noturna do Largo. Mas, o que um pobre miserável, sem um vintém, faria no Centro de Curitiba? Não faço ideia, mas qualquer coisa era melhor do que ficar esperando a morte em uma calçada podre de suja em frente a um dos lugares que mais frequentei quando adolescente. Ao menos poderia esperar relembrando todas as aventuras que tive e presenciei na minha passada vida de groupie. Foram tantos momentos divertidos e satisfatórios. Perdi quase todo o tipo de virgindade naquele lugar, mas parti para Portugal com a pureza de uma criança. A ilusão é predominante na infância, faz com que elas pensem que tudo é perfeito, tudo flui a favor delas, mas é tudo mentira. E foi assim, iludida, que fugi do que pretendia me fazer bem.
Apesar das perdas e dificuldade que tive enquanto morei com meu pai, dos dois aos dezessete anos, minha vida era prazerosa. Se eu realmente quisesse algo, batalhava por isso. Mas todos têm defeitos, e por mais que dissessem que eu era a garota ideal, tinha meu lado negativo. Orgulhosa, imatura e ignorante. Isso não me prejudicava, só fazia mal a quem estava querendo se aproximar de mim. Odiava que as pessoas se interessassem por mim, para fazer amizade, se eu quisesse, eu faria. Sei que magoei muita gente, mas só concluí isso, após ser magoada por um maldito ilusionista.
Pois é, eu e meus dezessete anos, recém-completos, queriam festejar, mas conheci Sebastião. No início, era tudo o que eu queria, fazia qualquer coisa pelo seu amor, até fugiria de casa. E fiz isso, fui para Portugal com ele, que me prometeu muitas coisas, e eu iludida, o segui. O que o desgraçado realmente queria era viver às minhas custas. Me torturou, me obrigou a vender coisas ilícitas, para uma menor de idade. Vendi drogas, vendi rins e órgãos variados, e vendi meu bem mais precioso, o corpo. A virgindade que eu não perdi no Opera1 em Curitiba, eu perdi em Lisboa. Seria melhor perder isso, do que a vida completa.
Sebastião era membro de uma gangue, quase máfia, que trazia garotas do Brasil para Portugal, dizendo que teriam muitas coisas, todos aqueles sonhos juvenis. Mas na verdade, elas eram escravizadas. E eu, iludida, fui umas das primeiras vítimas dessa armação
Não entendo como consegui ficar tanto tempo refletindo sobre meu passado sombrio e vergonhoso, pois achei que logo teria um ataque causado pelos remédios. Ou, não sei, vomitaria pelo excesso de cachaça. Despertei para conferir se me restava algum comprimido, ou qualquer coisa que me matasse. Mas um fato me assustou.
2009/11/29
A ligação - Não me deixe sangrar
Não acreditei quando reconheci a voz no outro lado da linha do telefone.
Era ela, a única garota que realmente marcou minha adolescência, com um amor que perdurou até o fim de minha juventude, para o qual escrevi poesias e canções. Mas pra minha infelicidade, ela não transparecia seus sentimentos, eu não conseguia saber se ela gostava ou não de mim, nem ao menos o que ela achava de mim. Me encantei, me declarei, sonhei, desejei, gritei pro mundo, e nada de ela dar uma resposta. Qualquer que fosse, eu aceitaria, positiva ou negativa, boa ou má. Esperava a opinião dela pra poder viver, me livrar deste platonismo, pra poder procurar alguma paz. Com ou sem ela, viver um amor decente.
- Alô?- atendi o telefone, igual a um zumbi.
-Tomas! É você, Tomas?- exclamou uma bela porém aflita voz.
-...Sim, sou eu. Olha aqui... quem é o maluco que tá me ligando à essa hora da noite!?
-É a Norah, lembra de mim? Ah, e agora são exatamente 3 e 16.
-O que? Tá me zuando, né? A Norah morreu pra mim. E mais, ela nem deve se lembrar de mim. Vá dormir.
- Não, Tomas! Sou eu. A garota da Ordem.
- ... não acredito.
Sim, eu realmente não acreditava. Ainda mais que ela lembrara do apelido que dei a ela.. 'Garota da ordem' porque ela vivia no Largo da Ordem, se quisessem encontrá-la era só passar por lá. Bebendo ou na fila de um show, ou tudo isso junto. Seu roteiro era sempre: Leôncio, Müeller, Largo, Leôncio, Müeller, Largo... Haviam outros motivos para o tal apelido, mas esses prefiro guardar.
-Tom, seu idiota! Sou eu mesma. Estou em Curitiba.
-....
Sono e a surpresa eram tão grandes que o silêncio me dominou.
-Tooôôomass!? Eu preciso te ver. Voltei de Portugal, pra te ver... eu mudei! Eu aprendi muito desde que deixei o Brasil, me arrependo de muita coisa. Principalmente de não ter te ouvido, e de dar atenção àquelas vadias que me chamavam de "amiga".
Hahae, queria acreditar que era um trote muito bem feito... mas não era. Ao mesmo tempo, estava assustado, irritado, tentando relembrar de tudo que fiz e senti por ela. Mas a ira me dominava mesmo, fora o fato de ser acordado as 3 da manhã do unico dia em que posso realmente dormir, pois há muito tempo guardava toda a fúria de um jovem apaixonado.
-...vá a merda! Se for realmente você, Norah, quero que você se exploda, depois de tudo o que eu fiz e ver você me ignorar, concluí que tu não merecia meu amor, isso a 7 anos atrás.
-Poxa, Tomas, me desculpe por tudo o que eu disse e fiz pra você que te magoou, mas eu estou mudada. Por isso quero conversar com você...
-...-
Eu cochilei enquanto ela falava aquelas bobeiras.
- ...se você me ignorar assim, nem sei o que eu posso fazer. Perdi tudo por causa de um crápula que me iludiu, perdi até minha família. Você é minha ultima esperança. A morte não é a próxima alternativa.
-...
Eu realmente estava interessado em saber o que tanto aconteceu com ela nesse tempo que ficamos longe um do outro, mas fingia que estava nem aí, foi uma espécie de troco pra tudo que ela fez comigo.
-Não sei o que posso fazer, creio que será ruim para os demais, mas para mim não. De nada adianta mesmo, minha vida já é uma merda, não custa nada eu acabar com ela hoje.
-Pode deixar, eu arrumo uma roupa bem bonita pro teu velório.
Saiu por impulso, não pude controlar, mas foi a coisa mais maléfica que eu pudia ter dito a uma garota, ainda mais pra garota desordem. Por mais que eu gostasse de sarcasmo, aquela não era uma boa hora para isso.
- Foda-se!...
Tu-tu-tu...! Desligou o telefone, me fazendo ter noção do que eu disse e da realidade que estava vivendo.
O sono morreu e deu lugar a preocupação, e muitas perguntas surgiram em minha mente. Como Norah conseguiu meu telefone? Qual o motivo de ela ter vindo pra cá? O que aconteceu com ela? Por que precisa tanto me ver? O que se passa na cabeça dela? O que vai fazer agora? Onde ela está? Será que ela mudou muito fisicamente?
Não consegui sozinho tirar nenhuma conclusão. Eu, definitivamente, não conseguia raciocinar às três da matina. Como eu iria achá-la agora? E aliás, por que ela me liga de um numero restrito. Precisa de mim mas não quer que eu a encontre. Poxa vida. Enfim, depois de uns cinco minutos após a ligação, concluí que estava preocupado com Norah, e sim, queria muito reencontrá-la.
Para o bem dela, e para o meu próprio, aquele encontro deveria acontecer. Mas, tinha a convicção de que aquilo seria masoquismo. Coisa que eu não fazia desde que ela partira. Pensar nela e inventar um futuro utópico me estrangulava internamente, mas momentaneamente sentia que tudo aquilo poderia dar certo, me fazendo feliz, e iludido. Malditos adolescentes que se iludem facilmente.
Depois de ir e vir no tempo, ainda deitado, decidi levantar, vestir alguma roupa e sair. Procurar Norah ou algo que possa me ajudar nessa busca. Ela disse que estava na cidade, mas faltou dizer exatamente onde. Mesmo com toda essa confusão, não poderia deixar de cumprir meu ritual dominical: levantar e por meu "In your honor" pra tocar. Sentei, a primeira musica começou, comecei a pensar sobre onde minha antiga paixão estaria. A música me pegou, e quando percebi já estava gritando: Can you feel me? Feel me breathing. One last breath before i close my eyes.
O que cortou minha diversão foi, novamente, o telefone. No desespero atendi, com esperanças de ouvir a voz de Norah.
- Tomas, por que eu fui tão idiota em te ignorar? Não quis te conhecer, tive medo. Me martirizo por isso. Mas não me arrependo do que acabei de fazer.
Tenso, esperei que ela continuasse.
-Tenho uma garrafa de vidro cheia de cachaça que pode ser facilmente quebrada, e vários remédios tarja preta. Qual dois me dará uma morte mais agradável?
- Norah! Você está drogada? Onde você está? Não faça nada! Por favor.
- Você sabe onde me encontrar, mas não estou com muita paciência agora.
Simplesmente soltei o telefone saí em disparada, sem casaco ou carteira. O Largo da ordem não era muito longe da minha casa. Mas numa situação dessas, eu poderia chegar tarde demais, e deixar uma tragédia acontecer. Por mais memórias ruins que eu guardasse, ela era o maior amor de toda a minha vida, não podia perdê-la assim.
Era ela, a única garota que realmente marcou minha adolescência, com um amor que perdurou até o fim de minha juventude, para o qual escrevi poesias e canções. Mas pra minha infelicidade, ela não transparecia seus sentimentos, eu não conseguia saber se ela gostava ou não de mim, nem ao menos o que ela achava de mim. Me encantei, me declarei, sonhei, desejei, gritei pro mundo, e nada de ela dar uma resposta. Qualquer que fosse, eu aceitaria, positiva ou negativa, boa ou má. Esperava a opinião dela pra poder viver, me livrar deste platonismo, pra poder procurar alguma paz. Com ou sem ela, viver um amor decente.
- Alô?- atendi o telefone, igual a um zumbi.
-Tomas! É você, Tomas?- exclamou uma bela porém aflita voz.
-...Sim, sou eu. Olha aqui... quem é o maluco que tá me ligando à essa hora da noite!?
-É a Norah, lembra de mim? Ah, e agora são exatamente 3 e 16.
-O que? Tá me zuando, né? A Norah morreu pra mim. E mais, ela nem deve se lembrar de mim. Vá dormir.
- Não, Tomas! Sou eu. A garota da Ordem.
- ... não acredito.
Sim, eu realmente não acreditava. Ainda mais que ela lembrara do apelido que dei a ela.. 'Garota da ordem' porque ela vivia no Largo da Ordem, se quisessem encontrá-la era só passar por lá. Bebendo ou na fila de um show, ou tudo isso junto. Seu roteiro era sempre: Leôncio, Müeller, Largo, Leôncio, Müeller, Largo... Haviam outros motivos para o tal apelido, mas esses prefiro guardar.
-Tom, seu idiota! Sou eu mesma. Estou em Curitiba.
-....
Sono e a surpresa eram tão grandes que o silêncio me dominou.
-Tooôôomass!? Eu preciso te ver. Voltei de Portugal, pra te ver... eu mudei! Eu aprendi muito desde que deixei o Brasil, me arrependo de muita coisa. Principalmente de não ter te ouvido, e de dar atenção àquelas vadias que me chamavam de "amiga".
Hahae, queria acreditar que era um trote muito bem feito... mas não era. Ao mesmo tempo, estava assustado, irritado, tentando relembrar de tudo que fiz e senti por ela. Mas a ira me dominava mesmo, fora o fato de ser acordado as 3 da manhã do unico dia em que posso realmente dormir, pois há muito tempo guardava toda a fúria de um jovem apaixonado.
-...vá a merda! Se for realmente você, Norah, quero que você se exploda, depois de tudo o que eu fiz e ver você me ignorar, concluí que tu não merecia meu amor, isso a 7 anos atrás.
-Poxa, Tomas, me desculpe por tudo o que eu disse e fiz pra você que te magoou, mas eu estou mudada. Por isso quero conversar com você...
-...-
Eu cochilei enquanto ela falava aquelas bobeiras.
- ...se você me ignorar assim, nem sei o que eu posso fazer. Perdi tudo por causa de um crápula que me iludiu, perdi até minha família. Você é minha ultima esperança. A morte não é a próxima alternativa.
-...
Eu realmente estava interessado em saber o que tanto aconteceu com ela nesse tempo que ficamos longe um do outro, mas fingia que estava nem aí, foi uma espécie de troco pra tudo que ela fez comigo.
-Não sei o que posso fazer, creio que será ruim para os demais, mas para mim não. De nada adianta mesmo, minha vida já é uma merda, não custa nada eu acabar com ela hoje.
-Pode deixar, eu arrumo uma roupa bem bonita pro teu velório.
Saiu por impulso, não pude controlar, mas foi a coisa mais maléfica que eu pudia ter dito a uma garota, ainda mais pra garota desordem. Por mais que eu gostasse de sarcasmo, aquela não era uma boa hora para isso.
- Foda-se!...
Tu-tu-tu...! Desligou o telefone, me fazendo ter noção do que eu disse e da realidade que estava vivendo.
O sono morreu e deu lugar a preocupação, e muitas perguntas surgiram em minha mente. Como Norah conseguiu meu telefone? Qual o motivo de ela ter vindo pra cá? O que aconteceu com ela? Por que precisa tanto me ver? O que se passa na cabeça dela? O que vai fazer agora? Onde ela está? Será que ela mudou muito fisicamente?
Não consegui sozinho tirar nenhuma conclusão. Eu, definitivamente, não conseguia raciocinar às três da matina. Como eu iria achá-la agora? E aliás, por que ela me liga de um numero restrito. Precisa de mim mas não quer que eu a encontre. Poxa vida. Enfim, depois de uns cinco minutos após a ligação, concluí que estava preocupado com Norah, e sim, queria muito reencontrá-la.
Para o bem dela, e para o meu próprio, aquele encontro deveria acontecer. Mas, tinha a convicção de que aquilo seria masoquismo. Coisa que eu não fazia desde que ela partira. Pensar nela e inventar um futuro utópico me estrangulava internamente, mas momentaneamente sentia que tudo aquilo poderia dar certo, me fazendo feliz, e iludido. Malditos adolescentes que se iludem facilmente.
Depois de ir e vir no tempo, ainda deitado, decidi levantar, vestir alguma roupa e sair. Procurar Norah ou algo que possa me ajudar nessa busca. Ela disse que estava na cidade, mas faltou dizer exatamente onde. Mesmo com toda essa confusão, não poderia deixar de cumprir meu ritual dominical: levantar e por meu "In your honor" pra tocar. Sentei, a primeira musica começou, comecei a pensar sobre onde minha antiga paixão estaria. A música me pegou, e quando percebi já estava gritando: Can you feel me? Feel me breathing. One last breath before i close my eyes.
O que cortou minha diversão foi, novamente, o telefone. No desespero atendi, com esperanças de ouvir a voz de Norah.
- Tomas, por que eu fui tão idiota em te ignorar? Não quis te conhecer, tive medo. Me martirizo por isso. Mas não me arrependo do que acabei de fazer.
Tenso, esperei que ela continuasse.
-Tenho uma garrafa de vidro cheia de cachaça que pode ser facilmente quebrada, e vários remédios tarja preta. Qual dois me dará uma morte mais agradável?
- Norah! Você está drogada? Onde você está? Não faça nada! Por favor.
- Você sabe onde me encontrar, mas não estou com muita paciência agora.
Simplesmente soltei o telefone saí em disparada, sem casaco ou carteira. O Largo da ordem não era muito longe da minha casa. Mas numa situação dessas, eu poderia chegar tarde demais, e deixar uma tragédia acontecer. Por mais memórias ruins que eu guardasse, ela era o maior amor de toda a minha vida, não podia perdê-la assim.
2009/02/23
4 colunas - Inabalável
Deitado, chorando ao teu lado, sentindo o cheiro do teu sangue derramado. Meu coração está doendo, como se quem estivesse fosse eu, como se quem estivesse arrependido fosse eu.
Eu não fico mal ao te ver aí, eu não fico bem ao te ver aí. Fico pensando: como pode ser tão tola por ter me ignorado?
Não é tua ida que vai travar minha vida, tenho muito o que viver, preciso correr pra não ter o mesmo destino que você.
Amargura, arrependimento, tortura, caixão.
É isso o que você sente após perceber que errou? O que eu senti, foi pior, pois minha vida continuou e tive de me acostumar com a dor até você passar.
Você é fraca por isso não resistiu às dores, você agora está aí, sem vida.
Eu te perdoo, simplesmente porque tenho dó.
Não descanse em paz.
Eu não fico mal ao te ver aí, eu não fico bem ao te ver aí. Fico pensando: como pode ser tão tola por ter me ignorado?
Não é tua ida que vai travar minha vida, tenho muito o que viver, preciso correr pra não ter o mesmo destino que você.
Amargura, arrependimento, tortura, caixão.
É isso o que você sente após perceber que errou? O que eu senti, foi pior, pois minha vida continuou e tive de me acostumar com a dor até você passar.
Você é fraca por isso não resistiu às dores, você agora está aí, sem vida.
Eu te perdoo, simplesmente porque tenho dó.
Não descanse em paz.
2009/02/22
Impossibilidade morta
- O que aconteceu? - Perguntei, alucinado com o que aconteceu.
- Você, foi agredido, no bar, por não ter feito nada, Gustavo te bateu, você sangrou, eu te ajudei. Lembra? - A voz de Vitória soou pela primeira vez, tranquila e amável.
-Não! Disso eu lembro! Eu quero saber por que você me socorreu? Alguem te obrigou? Teve dó? Sentiu pena de quem UM DIA TE AMOU?
- Como assim: Um dia me amou? Hoje não ama mais?
- Amor platônico? Não Obrigado. Prefiro ficar só do que viver um amor platônico ou ilusório.
- Quem disse que é platônico?
- Oi? Que?
- Quando você caiu, no bar, tua expressão me abriu a mente, me fiz por lembrar de tudo que você havia há 3 anos atrás, quando eu era uma simples tola. - Exclamou ela em um tom de ansiedade.
-Era, realmente era tola. - Me senti forçado a concordar, ironicamente.
- Meu coração grita para eu não fingir mais, para eu perceber que encontrei meu grande amor há tempos, mas fui teimosa e não aceitei.
-Nossa, que triste.- Eita ironia!
-Não fale assim! Parece até que você não gosta de mim.
- Eu? ham... - Estava nervoso e raivoso sem explicação ao dizer as duas ultimas frases.
-Por favor Bento! Você já entendeu! Eu me arrependi, unica coisa que eu quero HOJE, é você!
-... Eu? Se essa tal coisa for realmente EU, se esse tal arrependimento for real, se aí em teu coração existir um sentimento verdadeiro... Não preciso de mais nada! Só você, comigo.- Surpreso ao ouvir e dizer estas coisas. Fiquei surpreso e nervoso.
-Sim, você! Sim, me arrependi, como nunca antes. Sim, é um sentimento verdadeiro, e inexplicável.
- Nossa, a partir de hoje, terremotos podem passar, não vou me abalar.
- Posso ser teu unico terremoto?
- Destrua tudo, abale meu dia, acabe com minha noite, modifique meu coração.
- Estou sonhando, não me acorde.
- Tá maluca!!? Amores reais não são vividos em sonhos! Sonhos são vontade, Amores: Realidade.
- Ok... mas você naquela época não tinha sonhado comigo? Como pode dizer que amores reais não aparecem em sonhos.
- Rá! Aquele sonho foi apenas um sinal, teve um significado. Mas meu amor por ti surgiu depois, após perceber o quão incrível você era, aliás, você continua incrível.
- Como você define incrível?
-Ham... ééé... tu é uma mina muito gostosa, tá ligada? Tá loco! se eu pego, eu morro.- Eu e meu lado periferia. Mas não era assim que eu definia 'incrível'.
- Ahahahahahahrerereeeeerr. Pervertido, você é um tarado pervertido. Mas é assim: os opostos se atraem! Eu me acostumo. - Ela é inteligente pra sacar brincadeiras, nem precisei me explicar.
- Eeeererereeeeer...!
- Então rapá?! Não vai dizer o que é incrivel?
- Você! Incrivel não tem explicação pra mim. O que sinto por você naõ tem explicação.
-Ain que fofo... Você é demais.
Eba, adoro brincadeiras.
-O que é 'demais' pra você?
- Em palavras eu não explico.
- Explica de outra forma então, tonga!
- Posso? Já tenho tanta privacidade assim?
- Sim vá em frente.- Medo, ao pensar que ela podia me sacanear.
-...
-...- Ai ai ai, silênciooo.
Seu olhar era secreto, todo pretensioso.
Acontece, um beijo, recebi o esperado beijo. Desde meus 13 anos aguardava que Vitória tomasse essa atitude. Tudo por que? Tudo graças ao meu sangue derramado, literalmente. Os anos de espera foram compensados por um beijo longo e satisfatório, mas precisava soltá-la, tinha tanto a dizer.
- Quer viver o agora comigo? Fique comigo apenas por agora, façamos do agora, eterno.
-Óò.. como pude ser tão tola ao recusar-te! Só porque você não era um 'popular'? Eu nem mesmo gostava deles! Mas minhas, hoje não mais, amigas, tinham falsos pré-conceitos sobre qualquer 'não-popular', e eu temia magoá-las. Elas e seu nojos, queimem no inferno! Falsas, ordinárias...
- Calma, besta! Nós é quem vamos queimar. Não no inferno. Queimaremos de tanto amor.
- Nossa, você é caliente! Sensual, ui!
- Você não viu nada gata! - Como ela consegue? Tão divertida, e retruca minhas piadinhas tão bem.
- Eu te amo! Encontrei meu lugar, agora posso respirar em paz.
"Eu te amo". Disse ela, a frase talvez clichê, mas eu precisava dessa confirmação.
- Me abraça, me sufoca. Deixe me ser única!- Nem esperou eu falar algo.
- Desde que te conheci, você é a unica garota a mandar em meu corpo e espirito. Eu te amo até meu fim. Você vai me amar até teu fim?
-Sim, com teus olhos me guardando posso viver tranquila até a morte.
(Beijo)
- Você, foi agredido, no bar, por não ter feito nada, Gustavo te bateu, você sangrou, eu te ajudei. Lembra? - A voz de Vitória soou pela primeira vez, tranquila e amável.
-Não! Disso eu lembro! Eu quero saber por que você me socorreu? Alguem te obrigou? Teve dó? Sentiu pena de quem UM DIA TE AMOU?
- Como assim: Um dia me amou? Hoje não ama mais?
- Amor platônico? Não Obrigado. Prefiro ficar só do que viver um amor platônico ou ilusório.
- Quem disse que é platônico?
- Oi? Que?
- Quando você caiu, no bar, tua expressão me abriu a mente, me fiz por lembrar de tudo que você havia há 3 anos atrás, quando eu era uma simples tola. - Exclamou ela em um tom de ansiedade.
-Era, realmente era tola. - Me senti forçado a concordar, ironicamente.
- Meu coração grita para eu não fingir mais, para eu perceber que encontrei meu grande amor há tempos, mas fui teimosa e não aceitei.
-Nossa, que triste.- Eita ironia!
-Não fale assim! Parece até que você não gosta de mim.
- Eu? ham... - Estava nervoso e raivoso sem explicação ao dizer as duas ultimas frases.
-Por favor Bento! Você já entendeu! Eu me arrependi, unica coisa que eu quero HOJE, é você!
-... Eu? Se essa tal coisa for realmente EU, se esse tal arrependimento for real, se aí em teu coração existir um sentimento verdadeiro... Não preciso de mais nada! Só você, comigo.- Surpreso ao ouvir e dizer estas coisas. Fiquei surpreso e nervoso.
-Sim, você! Sim, me arrependi, como nunca antes. Sim, é um sentimento verdadeiro, e inexplicável.
- Nossa, a partir de hoje, terremotos podem passar, não vou me abalar.
- Posso ser teu unico terremoto?
- Destrua tudo, abale meu dia, acabe com minha noite, modifique meu coração.
- Estou sonhando, não me acorde.
- Tá maluca!!? Amores reais não são vividos em sonhos! Sonhos são vontade, Amores: Realidade.
- Ok... mas você naquela época não tinha sonhado comigo? Como pode dizer que amores reais não aparecem em sonhos.
- Rá! Aquele sonho foi apenas um sinal, teve um significado. Mas meu amor por ti surgiu depois, após perceber o quão incrível você era, aliás, você continua incrível.
- Como você define incrível?
-Ham... ééé... tu é uma mina muito gostosa, tá ligada? Tá loco! se eu pego, eu morro.- Eu e meu lado periferia. Mas não era assim que eu definia 'incrível'.
- Ahahahahahahrerereeeeerr. Pervertido, você é um tarado pervertido. Mas é assim: os opostos se atraem! Eu me acostumo. - Ela é inteligente pra sacar brincadeiras, nem precisei me explicar.
- Eeeererereeeeer...!
- Então rapá?! Não vai dizer o que é incrivel?
- Você! Incrivel não tem explicação pra mim. O que sinto por você naõ tem explicação.
-Ain que fofo... Você é demais.
Eba, adoro brincadeiras.
-O que é 'demais' pra você?
- Em palavras eu não explico.
- Explica de outra forma então, tonga!
- Posso? Já tenho tanta privacidade assim?
- Sim vá em frente.- Medo, ao pensar que ela podia me sacanear.
-...
-...- Ai ai ai, silênciooo.
Seu olhar era secreto, todo pretensioso.
Acontece, um beijo, recebi o esperado beijo. Desde meus 13 anos aguardava que Vitória tomasse essa atitude. Tudo por que? Tudo graças ao meu sangue derramado, literalmente. Os anos de espera foram compensados por um beijo longo e satisfatório, mas precisava soltá-la, tinha tanto a dizer.
- Quer viver o agora comigo? Fique comigo apenas por agora, façamos do agora, eterno.
-Óò.. como pude ser tão tola ao recusar-te! Só porque você não era um 'popular'? Eu nem mesmo gostava deles! Mas minhas, hoje não mais, amigas, tinham falsos pré-conceitos sobre qualquer 'não-popular', e eu temia magoá-las. Elas e seu nojos, queimem no inferno! Falsas, ordinárias...
- Calma, besta! Nós é quem vamos queimar. Não no inferno. Queimaremos de tanto amor.
- Nossa, você é caliente! Sensual, ui!
- Você não viu nada gata! - Como ela consegue? Tão divertida, e retruca minhas piadinhas tão bem.
- Eu te amo! Encontrei meu lugar, agora posso respirar em paz.
"Eu te amo". Disse ela, a frase talvez clichê, mas eu precisava dessa confirmação.
- Me abraça, me sufoca. Deixe me ser única!- Nem esperou eu falar algo.
- Desde que te conheci, você é a unica garota a mandar em meu corpo e espirito. Eu te amo até meu fim. Você vai me amar até teu fim?
-Sim, com teus olhos me guardando posso viver tranquila até a morte.
(Beijo)
2009/02/07
Pesticida
Passei a acreditar que a chuva purifica.
É anunciada a chuva.
Na hora de ir pra casa, opto propositalmente por um longo caminho até o ponto de ônibus, cerca de 15 minutos de caminhada ao invés de pegar ônibus. Peguei uma chuva fortíssima. Enquanto pessoas procuravam abrigo em qualquer cobertura do centro da cidade, eu caminhava sozinho no meio da Rua XV.
Quando passei a mão na cabeça e percebi que estava inteiramente molhado, sorri pela primeira vez no dia e ri da besteira que fazia. Daí pra frente, fui esquecendo os problemas e alargando o sorriso. Ri da onda que um carro fez e cobriu uma senhora d'água. Sorri para o cachorro molhado deitado no ponto de ônibus.
Sem motivos.
É anunciada a chuva.
Na hora de ir pra casa, opto propositalmente por um longo caminho até o ponto de ônibus, cerca de 15 minutos de caminhada ao invés de pegar ônibus. Peguei uma chuva fortíssima. Enquanto pessoas procuravam abrigo em qualquer cobertura do centro da cidade, eu caminhava sozinho no meio da Rua XV.
Quando passei a mão na cabeça e percebi que estava inteiramente molhado, sorri pela primeira vez no dia e ri da besteira que fazia. Daí pra frente, fui esquecendo os problemas e alargando o sorriso. Ri da onda que um carro fez e cobriu uma senhora d'água. Sorri para o cachorro molhado deitado no ponto de ônibus.
Sem motivos.
2009/02/01
Portão 13
É assim...
a esperança morre,
nada se resolve
e eu aqui, esperando
algo que desconheço.
Suplico ajuda,
o velho sentado ao lado dorme,
a moça parece estar alcoolizada,
o mendigo não tem sinais de vida,
nada na rodoviária tem pretensão de ajuda.
Ninguém quer me ajudar
nem eu.
a esperança morre,
nada se resolve
e eu aqui, esperando
algo que desconheço.
Suplico ajuda,
o velho sentado ao lado dorme,
a moça parece estar alcoolizada,
o mendigo não tem sinais de vida,
nada na rodoviária tem pretensão de ajuda.
Ninguém quer me ajudar
nem eu.
2009/01/19
O que é mastonde?
Na busca fracassada de um nome pro blog, com toda a burocracia do Blogger, uma tentativa fracassada resultou numa atraente palavra de verificação: mastonde.
Mstnd vai dominar o mundo. O meu mundo.
Mstnd vai dominar o mundo. O meu mundo.
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