2012/04/24

Pedaços de vida e morte


FIM

Todos aqueles porta retratos destruídos no chão geravam nEle a esperança de Ela voltaria e limparia tudo, sem antes de lhe dar um sermão sobre bagunças.  Ele não podia manter todas aquelas fotos dos dois, era masoquismo demais. Rasgou, queimou, tentou inúmeras maneiras de dar um fim àquelas lembranças fotográficas. Porém, ele não podia eliminar os flashes que sua própria mente armazenava.
Ela não queria acreditar que a vida estava sendo  tão injusta com Ele. Ele não tinha motivos pra ser penalizado. Ele não tinha pecados suficientes pra compensar esse castigo.
 Ele perdera a esperança.
Os fatos o lançaram num profundo e bagunçado poço de tristeza, lamentações, arrependimentos, agonias e pessimismo.
Sua única falha foi não valoriza-la o quanto ela realmente merecia. Ele não percebeu a tempo. Sempre achou que estava fazendo o seu melhor. Até que ela partiu sem razões nem respostas às perguntas que ele carregaria eternamente.
Era inaceitável, essa partida. Ele perdera algo que jurava ser infinito. Ele estava vazio a partir de então.
Antes, sua juventude o fortalecia e deixava o mundo menos ridículo. Contudo, após o fim das alegrias, ele realmente entendeu o que o motivava a se manter vivo. Era Ela quem o abastecia de tudo que fosse preciso pra aguentar as dificuldades da vida. Então, ela se foi e fez crescer a pior dor que um filho podia sofrer.


INÍCIO

O luto já o atormentava. Queria se livrar dessa estagnação fúnebre, mas as memórias o prendiam. Simplesmente interrompera sua vida pra se lamentar de uma dor sem fim. Ele sabia que precisava se livrar.
Ele necessitava de algo novo, um vício.
Que fosse qualquer coisa, qualquer lugar, qualquer outro amor, outra dor, uma droga.  Pra apagar as cicatrizes, estancar as lembranças que o destruíam pouco a pouco. E viver.
Pra isso, ele devia desprender-se, reaprender a caminhar, desbravar o mundo sozinho , acreditar em si mesmo, batalhar e conquistar o que quisesse.
E, não sabe como, encontrou alguém pra compartilhar dores, superar agonias, viver e amar.
Ele superou. Conseguiu encobrir seu maior trauma. Enterrou bem no fundo da mente. Porém, memórias surgem, desaparecem, alegram e entristecem. E isso é mais espontâneo do que viver, amar ou morrer.

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