Com trechos escritos por A. C. S.
Eu cansei de brincar, de distância, de só falar. Cansei de
sentir por você essa coisa que não acontece, mas deseja. Convicto de não querer
mais participar desse jogo de querer e não fazer. Mas eu sou um vai-e-volta.
Não sei se esse brinquedo era da tua época. Tudo bem que não sou tão mais
velho, mas, sei lá, década de noventa foi uma transição de costumes. Ioiô? Esse
você conhece, acredito. O que quero dizer é que sou mais ou menos como esses
brinquedos. Eu estou aqui, vou lá embaixo, às vezes a corda enrosca e fico mais
tempo do que o esperado, então subo, desço etc. E vou lá, volto pra cá, vou,
volto etc. Tudo isso principalmente em sentimentos. Não que eu esteja novamente
querendo pegar o ônibus pra tua casa e passar a tarde de sábado discutindo
filmes. Não. É que eu voltei a pensar em você (graças a você que aparentemente
quis voltar a esse nosso jogo, que eu não queria mais jogar). Mas chega um
ponto do meu interesse por alguém que, quando não me sinto correspondido ou
quando canso de não agir, me contento em sonhar acordado com fulana. Eu gosto
de imaginar histórias. Algumas tão belas que eu tenho vontade de vivê-las (mas
como não ajo, só fico imaginando). Não adianta, por mais que eu diga que não quero
mais tentar, que cansei de romantismo, que larguei a meta de ter alguém ao meu
lado, eu vou e volto.
Verdade seja dita, nem nos encontramos ainda, mas pra ser
sincero ou romântico demais ou bobo demais, acho que estamos perdendo tempo nos
escondendo. Seus olhos combinam tanto com os meus, seu sorriso se encaixa
perfeito no meu, seus dedos entrelaçados nos meus ficam perfeitos (em meu sonho).
E no mundo real, pode ser.
Parece que eu não faço sentido, mas não faço questão de
fazer. Muito do que digo de modo bagunçado, na minha cabeça faz total sentido.
Não, não quero tentar novamente. Não tenho certeza completa sobre esta última
afirmação. Eu gosto de brincar comigo mesmo de só olhar, ficar observando de
longe e imaginando como seria se fossemos decentemente competentes para agir. Mas
noto que não sou só eu aqui que gosta de criar estórias que poderiam dar certo.
Percebo que não estou sozinho na odiosa arte do platonismo. Estamos no mesmo
barco, mas precisamos ficar em pontas diferentes para equilibrar e evitar que
tudo se afunde.
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