2013/11/18

Desafio

Com trechos escritos por A. C. S.

Eu cansei de brincar, de distância, de só falar. Cansei de sentir por você essa coisa que não acontece, mas deseja. Convicto de não querer mais participar desse jogo de querer e não fazer. Mas eu sou um vai-e-volta. Não sei se esse brinquedo era da tua época. Tudo bem que não sou tão mais velho, mas, sei lá, década de noventa foi uma transição de costumes. Ioiô? Esse você conhece, acredito. O que quero dizer é que sou mais ou menos como esses brinquedos. Eu estou aqui, vou lá embaixo, às vezes a corda enrosca e fico mais tempo do que o esperado, então subo, desço etc. E vou lá, volto pra cá, vou, volto etc. Tudo isso principalmente em sentimentos. Não que eu esteja novamente querendo pegar o ônibus pra tua casa e passar a tarde de sábado discutindo filmes. Não. É que eu voltei a pensar em você (graças a você que aparentemente quis voltar a esse nosso jogo, que eu não queria mais jogar). Mas chega um ponto do meu interesse por alguém que, quando não me sinto correspondido ou quando canso de não agir, me contento em sonhar acordado com fulana. Eu gosto de imaginar histórias. Algumas tão belas que eu tenho vontade de vivê-las (mas como não ajo, só fico imaginando). Não adianta, por mais que eu diga que não quero mais tentar, que cansei de romantismo, que larguei a meta de ter alguém ao meu lado, eu vou e volto.
Verdade seja dita, nem nos encontramos ainda, mas pra ser sincero ou romântico demais ou bobo demais, acho que estamos perdendo tempo nos escondendo. Seus olhos combinam tanto com os meus, seu sorriso se encaixa perfeito no meu, seus dedos entrelaçados nos meus ficam perfeitos (em meu sonho). E no mundo real, pode ser.
Parece que eu não faço sentido, mas não faço questão de fazer. Muito do que digo de modo bagunçado, na minha cabeça faz total sentido. Não, não quero tentar novamente. Não tenho certeza completa sobre esta última afirmação. Eu gosto de brincar comigo mesmo de só olhar, ficar observando de longe e imaginando como seria se fossemos decentemente competentes para agir. Mas noto que não sou só eu aqui que gosta de criar estórias que poderiam dar certo. Percebo que não estou sozinho na odiosa arte do platonismo. Estamos no mesmo barco, mas precisamos ficar em pontas diferentes para equilibrar e evitar que tudo se afunde.

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