Até consigo me livrar de você, mas você consegue me
encontrar. Você é maior que eu e ainda absorve o que eu sou. Talvez seja por
você que eu esteja querendo sair, pra não dizer “fugir”, dessa cidade. É que eu
não consigo ficar aqui dividindo espaço com isso que sinto por você. Sim, sou
fraco e covarde. Estou partindo, pra não dizer fugindo, principalmente de algo
que está comigo permanentemente: meus pensamentos (por você). Acredito que um novo eu em
um novo lugar tenha a capacidade de esquecer você e reconstruir a minha pessoa. Talvez tudo
isso seja em vão e eu nunca consiga me livrar de você. Às vezes, acho que todo
esse ódio que jogas em mim seja apenas desejo retido. Você me ama? Eu não. O ódio que eu sinto por você é mutante, transforma-se em amor, alterna em carinho, converte-se em raiva, é instável e não sai de mim talvez porque eu (no fundo) não queira que saia. Eu não queria ser assim, ser você, estar em você, sentir você, mas eu sou. Será
que você quer se aprofundar na minha alma e afastar toda essa minha auto defesa em
forma de repulsa (metade-ódio-metade-amor) que me assola? Eu não sei o que você
quer, quando você quer e se você quer. Talvez você não seja tudo e seja só uma
distração passageira. Você está em mim? Você vem e vai dentro de mim como a
minha labirintite, mas as doenças, a maioria delas, vão embora, mas você persiste
em ficar não sei se por vontade própria, convenção social ou falta de quem
perturbar. Você é uma doença? Talvez eu precise mesmo de você. Talvez eu precise mais de mim. Você tem mais de mim do que eu mesmo.
Essa compatibilidade poderia funcionar muito bem ou
permanecer como está: incompatível, trágica. Talvez você seja tudo ou nada.
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