“And if it pleases you to leave me, just go.”
Sufjan Stevens, Enchanting ghost
Você insiste. Você insiste em mim. Você insiste em ver algo dentro desse buraco de desgraça chamado eu que ninguém vê, não tenho mais o que você precisa: estabilidade. Danificado demais estou para viver com qualquer pessoa, infelizmente, incluindo você. Estabilidade para viver em paz com alguém, sem ter que se preocupar com crises de ansiedade, socos na parede, curativos nos nós dos dedos, tremedeiras, calmantes e isolamento. Tudo gira, tudo treme, nada está no lugar, nada está certo.
Quão fácil seria partir? Não seria melhor? Por que não parti? Por que você não pergunta por que não tomo a iniciativa, já que insisto tanto em acreditar na prejudicialidade do prosseguimento deste relacionamento? Porque não consigo, não tenho iniciativa, ela não me serve, nunca me serviu, não me adapto a ser a pessoa pró-ativa, que fala na cara o que sente e o que acredita que precisa ser feito, nunca consegui ser assim, então apenas deixo-me arrastar, sem forças, até que alguém faço algo. Em tantos momentos, bons e ruins, você agiu primeiro. Agora, novamente, você precisa assumir o controle. Você precisa partir. Você precisa arrancar os nós que nos unem, mesmo que seja doloroso demais, antes que você seja puxada para baixo e se afogue junto comigo. Não quero te ver mal. Não quero te ver aqui, nesta loja que vende apenas óculos que enxergam melancolia e tragédia. Não há tempo para retrospectivas, mas, resumindo, tivemos um prazeroso relacionamento por anos, até que...
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