2014/02/09

Erra (Continuação)

Espelho, retrato, reflexo, amor

"Estava tentando lembrar-me dos teus olhos. Conversando comigo mesma, perguntei qual era a cor deles. Me odeie, mas, por um momento, havia esquecido. 'Como assim você não lembra da cor dos olhos do teu marido?', gritei comigo mesma. Contra argumentei dizendo que eu não precisava saber de cor tudo sobre você. Apenas preciso te admirar assim como você é, sem exigir muito. Sejam seus olhos verdes, azuis, castanhos, negros, amarelos, qualquer cor. O que me importa neles é que me encantam de um jeito sensacional. Eu fico bêbada, chapada, alucinada ao lembrar deles me encarando na cama quando acordamos. Eu sei que nos veremos novamente em um mês (ou talvez eu já tenha voltado e você nem tenha encontrado a carta), mas, sabe, logo eu que sempre protestei contra pessoas que se obrigavam a viver uma vida a dois o tempo todo, percebo que eu não consigo nem quero ficar longe de você. Eu sei que muitas vezes, como agora, seremos obrigados a ficar um mês, um ano, um tempo, sem nos encontrarmos, mas quero te manter na minha vida enquanto eu viver. Seja na presença, seja na distância, seja na carência, seja na saudade, seja tudo.
Voltando aos teus olhos (ah, como eu quero voltar aos teus olhos, tua boca, teu abraço etc). Enfim, a cor não importa. O que importa é que carregam uma beleza enorme. E o que mais me encanta neles é que é por eles que você se comunica comigo quando te somem as palavras (e olha que você trabalha com elas). Eu sei quando você está triste mas não quer falar sobre... Eu sei quando você quer falar por horas sobre um filme qualquer que tenha assistido... Eu sei quando você quer fugir da vida... Eu sei analisar você... através dos teus olhos.
Eu acho que eu não tenho uma justificativa concreta pra te amar, mas eu amo. Não sei, hoje em dia, as pessoas vivem na ânsia de encontrar todas as respostas para tudo. Razões, porquês, culpados etc. Pra quê? Eu não posso simplesmente amar assim sem justificativa? Por que eu preciso explicar em 600 páginas o que eu sinto e porquê eu sinto sobre tal coisa? Por que eu preciso explicar em 600 páginas o que eu posso demonstrar com um olhar? Eu posso simplesmente sentir? Sim! Eu posso e quero sentir! Amar. Sentir. Te sentir. Te amar.
Nem mesmo eu acredito em todo esse romantismo que habita em mim, não me sentiria menosprezada se você também não acreditasse. Acredite, porque você me faz acreditar em algo que eu não imaginava que existisse: amor. Eu era tão pessimista, tão frustrada, tão machucada. Aí você invade minha vida com todos esses textos, sorrisos, carinhos e essa vontade de entrar na minha vida. Eu comecei receosa, mas quando entrei, foi (E SERÁ) pra vida toda.”

Eu simplesmente não soube como reagir. Quer dizer, meu corpo reagiu derramando lágrimas de alegria sem que eu ordenasse. Mas no que pensar, o que fazer, eu não sabia. Eu queria mesmo era dar um abraço nela, mas isso só se realizaria quando ela voltasse de viagem. Nem se eu tentasse escrever naquele momento sobre o estado em que a carta me deixara, eu não conseguiria traduzir meus sentimentos. Era coisa demais. Pra você que me lê, pode parecer bobagem (e eu não ligo). A saudade influenciou a minha reação, porém, mesmo que não tivesse influenciado tanto, eu teria ficado anestesiado de qualquer jeito.
Não tenho o que falar muito da carta, porque meu olhar, meu sorriso, minhas lagrimas já disseram tudo. O desenho... Da minha pessoa se encarando no espelho, que, por trás, na verdade, era ela, minha mulher, foi uma das coisas mais simples e, ao mesmo tempo, sensacionais que vi.
Essa mulher sempre será inacreditável. Conseguiu fazer apenas com papel e grafite no desenho o mesmo que fizera com a minha vida: uma obra de arte grandiosa, daquelas que não merecem ser apagadas. Ela transformava o que quisesse em algo incrivelmente belo, assim como fez com a minha vida. Eu tinha vontade de viver cada vez mais por saber que, ao lado dessa mulher, momentos ruins ficariam longe.
Muito antes de eu conhecer a mulher da minha vida, não era muito apreciador de bocas grandes de sorrisos largos, mas assim que ela (Ela!) me lançou um brilhante e convicto sorriso ao aceitar sair comigo, descobri que desejaria viver iluminado sob aqueles dentes pro resto da minha vida.

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