2014/08/24

Lonely people 2

1 2

Deitados, ela ouvia os relatos dele sobre sua nova metrópole e como as pessoas eram lá. Até então, o rapaz não a questionara sobre as razões que a levaram a sair da cidade natal, pois estava encantado com a surpresa e não pretendia perder tempo com interrogatórios. Quando começaram a sair, isso há mais de ano, ele percebera que perguntas exigentes demais a cansavam e não inspiravam nela vontade de respostas complexas. Ela era direta, “porque sim”, “porque eu quis”, ou impulsiva - soltava uma resposta sem tempo para respiros. Nesse último caso, quando acontecia, seus olhos se enchiam de vermelho como se prontos para lágrimas, mas o rapaz, nesse tempo todo, nunca a viu chorar. Ao invés de tentar analisar aquela mente protegida por um par de óculos, cabelos loiros e um rosto quase sempre fechado, ele preferia se contentar apenas com a presença dela desacompanhada de sermões explicativos. “Pra quê ficar enchendo a moça de perguntas?”, reclamava para si mesmo, argumentando que deveria se contentar apenas com a aparição da moça, que, com tempo, ele aprendeu, não carregava muitas justificativas para seus atos, só vontade. Porque sim.
Surgiu um breve silêncio, olhares intensos à profundidade castanha do moreno e carícias nos fios loiros bagunçados dela, que disse:
- Você não vai perguntar porquê estou aqui?
- Não… A menos que você queira responder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário