2014/06/19

Karma (Oh, Deus da coincidência)

Dos encontros
Naquela rua, encontrou-se e se desencontrou várias vezes. Em mulheres. A primeira vez que cruzou ao acaso com a estranha dos óculos foi lá. Aliás, não só na primeira ocasião, foram algumas outras vezes. Principalmente, na encruzilhada do obelisco. Quando viu a magrela empurrando sua magrela ao lado da nova amante, também foi lá. Sentiu saudades de... Imediatamente parou de lembrar e logo se encontrou em outras coincidências.

Dos cabelos
A primeira vez que pensou em abandonar ou trair uma de suas primeiras namoradas foi com uma mulher de cabelos de tal cor. Sua parceira naquela época não possuía fios de tal cor, talvez por isso tivesse se encantado pela diferença. Tempos depois, a moça que estudava na faculdade do amigo, tinha esse cabelo; apesar de ser pintado, já valia. A já citada e tão desejada estranha dos óculos, também. O magnetismo dessa tonalidade de cabelo o derrubava.

Dos cursos
Muito antes de pensar em entrar na faculdade, antes mesmo de se decidir entre Administração ou Publicidade, apaixonou-se por uma garota que, ainda naquele tempo do agora longínquo ensino médio também não havia se decidido, escolheu uma faculdade escolhida também por diversas outras garotas que atravessaram a vida dele. Atravessaram secamente, deixando buracos em seu peito.

Das letras
Ele nunca tentou transformar seus relacionamentos em estatísticas, mas, caso tivesse feito isso, descobriria que mais de 80% das mulheres com quem teve algo (sério... ou nem tanto) têm  nomes iniciados ou terminados em determinada letra. Porém, pensando bem, que estupidez, essa era das coincidências que perseguiam sua vida, dentre tantas outras, a mais estúpida, já que é a maioria das mulheres, não as de sua vida, tem tal letra no nome, seja no começo ou no fim.

Das crenças
Ele não queria roubar nem compartilhar a crença de ninguém. Não se importava com o que idolatravam. Afinal, tinha a sua própria religião, quer dizer, não tinha. Não queria nem precisava. Não se importava com o quê ela, a mulher ao seu lado, acreditasse, em se tratando de fé. Não acreditava em Deus, Buda, coincidência, magia, ou como quiser chamar isso tudo que une tanta gente para tentar encontrar salvação, esse tal de ser superior. Ele não queria ser salvo espiritualmente a fim de encontrar o Éden, Nirvana ou esses lugares sagrados tão almejados. Ele queria ser salvo apenas do buraco de solidão e desejos frustrados. Seu paraíso é a presença de alguém que o quer bem. Ele acredita no afeto, na presença, no olhar e no poder que isso tudo tem para acalmar, afagar, alegrar, inspirar e eternizar sua vida.

Das diferenças
Deram certo. Também terminaram. Terminariam sempre. “As pessoas vão embora”, palavras marcantes daquela pequena que não se encaixava nos padrões da vida romântica desse perdido rapaz, que tentava não se prender a estereótipos, mas eles aconteciam sem que ele tivesse tempo de recusá-los. Porém, não eram as coincidências que o faziam ficar, só serviam para alimentar platonismos. O que ele precisa é… Bom, cada caso é um caso. 

Dos fins
Encontrou-se e se perdeu em tantas ruas, diversos cursos, inúmeros cabelos, várias luzes, tanta escuridão… etc... de modo que os fins sempre se assemelhavam. Continuava perdido. Continuaria. Continuará a se perder nisso tudo até que se encontre de vez. “A gente se perde pra se encontrar”, disse aquela que foi e vai muito além das semelhanças estéticas, ideológicas, coisa e tal.

Das indas e vindas
Nos romances, nas novelas, nos contos, nas vidas, ele ia e vinha inundado em desejo. Sua vida amorosa, romântica, sexual, afetiva, como preferir, era assim como sua cabeça: Bagunça. Ele estava feliz, mas não estava, então ficava, depois deixava de estar, aí voltava a estar, aí caía… Ia ao chão, ia mais fundo, soterrava-se com tanta coisa em sua cabeça, quiçá problemas criados por ele mesmo. Ascendia. Descia. Replay. Oh, eterno vai e vem. Oh, Deus da coincidência, por que brincas tanto com tão instável ser? Por que decides criar bifurcações justo quando ele pensa que está feliz do rumo que segue?

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